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Capítulo 3 - O preço da tentação

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Capítulo 3 - O preço da tentação  Empty Capítulo 3 - O preço da tentação

Mensagem por Isadora Romazzini Seg Nov 23, 2015 7:24 pm

O quarto estava escuro, com as cortinas bem fechadas para impedir qualquer rompante de luz e o frio do ar condicionado incitava qualquer pessoa a se enrolar do modo mais aconchegando possível debaixo do edredom.

Isadora estava toda encolhida no centro de sua cama king-size, mas não estava sozinha. Abraçadinha a ela estava Margerhita, a Girafa de pelúcia que Romeo dera para ela na tarde do fliperama. Ela foi resgatada do armário um pouco antes de Isadora deitar na cama e tinha sido uma excelente companhia. Mesmo que ela apenas reforçasse a memoria do beijo que ela havia trocado com o segurança na noite anterior.


O despertador começou a tocar e Isadora coçou os olhos, batendo no mesmo para que se silenciasse.

Quando virou-se de novo para abraçar a Girafa, ela deu um pequeno suspiro. Abriu os olhos lentamente e a primeira coisa que pensou foi na aproximação do rapaz.

“Romeo...”

Ela sussurrou ao suspirar antes que os lábios se encontrassem naquele beijo único. Levou a mão até os lábios, chegando a mordê-los um pouco. Ah, como ela queria repetir aquele beijo. Mas ela sabia que não podia.

Se o seu pai soubesse, Romeo estaria encrencado...

Pegou o celular de novo e foi checar as mensagens e as novidades. Ficou uns quinze minutos deitada, mexendo na tela do iphone até que tomou a coragem necessária para se levantar. Precisava se encontrar com amigos da faculdade, num brunch realizado na residência de Nina. Era a última semana de férias e todos já tinham retornado de suas respectivas viagens.

Como ela havia dispensado Romeo naquele dia, ela pediria apenas por um motorista. Seria um encontro de amigos, não podia ter nenhum perigo nisso.

Uma hora e meia depois, Isadora desceu as escadas. Estava arrumada para o encontro com os amigos e usava uma saia longa cropped com uma estampa floral num fundo preto e um top cropped preto. O cabelo estava solto e ela carregava uma bolsa em seu ombro.

No instante em que ela chegou ao meio da escada, tia Antonella entrou pela porta da frente.

Apesar do clima da noite anterior, ela parecia muito bem. Usava uma calça de alfaiataria preta e uma blusa de cola canoa também preta.

A tia estava um pouco afobada quando chegou em casa, mas tinha um brilho diferente no olhar, que não passou despercebido por Isadora.

- Bom dia, tia!

- Isa!

Antonella a encarou suspresa por vê-la. Pelo horário, tinha imaginado que todos tivessem saído. E, de fato, Lorenzo e Enzo já tinham ido para o escritório enquanto Pietro ainda nem tinha chegado em casa, ainda resolvendo os últimos ajustes de sua boate.

- Como a senhora está?

Isadora terminou de descer as escadas e se aproximou dela. A tia ajeitou o cabelo da sobrinha e distribuiu carinhosos beijos por sua bochecha.

- Bem e você? Está linda, par avariar...

- Eu estou bem, também. Vou ao Brunch da Nina.

- E onde está o Romeo...?

Antonella arqueou uma das sobrancelhas quando viu que Isadora fez uma expressão que ela não soube definir. Mas definitivamente, as bochechas dela coraram.

- Eu dei o dia de folga para ele, por conta da indisposição de ontem.

- Fez bem, mas quem vai com você?

- Pedi ao Hugo...

- Entendo. E ele está no quarto dele?

- Eu realmente não sei, tia...Acabei de descer e ahm...Eu estou um pouco atrasada.

- Oh, claro...Desculpa. Tchau, querida. Divirta-se.

- Obrigada...

Deu outro beijo na tia e seguiu antes que ela fizesse mais perguntas. Isadora não esperava que o assunto Romeo chegasse tão cedo e aquela foi uma prova que não estava pronta para lidar sobre o assunto.

Antonella chamou por Raoul e perguntou sobre o rapaz.
Enquanto ele averiguava se Romeo estava em casa ou não, Antonella sentou-se no confortável sofá branco de uma das salas e levou a mão até a cabeça.

As despedidas sempre eram difíceis.

Benito e ela tinham tomado banho juntos enquanto o dia ainda amanhecia e ainda enrolada na toalha, ela observou o Don Agostini se arrumar para partir. Parecia que tinha vinte anos de novo e sentia aquela agonia por ver o homem que amava retornando para uma vida que ela não podia existir.


Nunca pensou que fosse sentir isso de novo, mas lá estava aquele vazio que sempre ficava.

Porque ela não era a esposa oficial e jamais seria. Os dois estavam fadados a sofrerem com aquelas constantes separações.

Constantes?


Muito provavelmente, porque ela já não sabia se conseguiria lidar com um período tão longo sem vê-lo de novo. E o discurso sobre sua familia estava abalado de novo. Ela nem olhava para as fotos de familia que ficavam naquela sala, porque sabia que encontraria com os olhos inquisidores de sua mãe e isso era um peso que ela não queria mais carregar.
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Capítulo 3 - O preço da tentação  Empty Re: Capítulo 3 - O preço da tentação

Mensagem por Romeo Campanaro Ter Nov 24, 2015 3:34 pm

Como se o destino quisesse provocar uma última punição naquela mãe, Antonella recebeu a notícia de que Romeo não estava em casa. Raoul comentou que o segurança havia saído nas primeiras horas daquela manhã e comentou com uma das cozinheiras que não tinha hora para retornar.

Antonella foi obrigada a respirar fundo e conter a ansiedade de rever o segurança, agora com a certeza de que Romeo era o fruto de seu amor com Benito.

É claro que a loira se aproveitou daquela situação como uma desculpa para mandar uma mensagem de texto para o amante. Como se temesse que aquelas mensagens um dia vazassem, Antonella se referiu ao rapaz somente como “nosso bambino”. Agostini certamente entendeu a ideia da loira e manteve o nome de Romeo protegido.

“Nosso bambino está com você? Não o encontrei hoje.”

A resposta de Benito retornou ao celular de Antonella em menos de dois minutos.

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Os olhos da loira giraram com aquele galanteio, mas um sorriso involuntário brotou em seus lábios. Benito sabia mesmo como agradá-la, até mesmo nos detalhes mais tolos.

Antonella teve certeza de que já considerava Romeo como um filho quando sentiu uma pontada de ciúmes ao imaginá-lo com uma namoradinha. Ela riu de leve ao concluir que seria uma sogra terrível. Uma garota que fosse menos do que perfeita não serviria para o seu bambino.

Sem maiores opções, Antonella simplesmente esperou pelo retorno do segurança. O passar das horas foi deixando-a ainda mais ansiosa, mas ela se esforçava para disfarçar o incômodo. O que os demais criados pensariam se a vissem tão ansiosa para ver Romeo, afinal?

Isadora já havia voltado do encontro com os amigos e ainda não havia sinal de Romeo. Ele tinha todo o direito de “sumir” no seu dia de folga, mas Antonella já se sentia irritada com a falta de notícias quando a noite caiu.

Os Romazzini se sentaram para jantar juntos, com Lorenzo em uma das pontas da mesa e Enzo na outra. Antonella e Isadora se sentaram lado a lado, e Pietro ocupou a cadeira em frente à caçula. Os dois homens mais velhos falavam sobre negócios enquanto Antonella remexia a comida no prato, sem muito interesse. Ela não queria nada além de ver o seu bambino naquela noite.

- Tia...? – foi Enzo quem chamou, preocupado – Está tudo bem?

- Dor de cabeça. – Antonella resmungou a primeira desculpa que lhe veio à cabeça e se aproveitou daquela situação para introduzir discretamente o assunto que mais lhe interessava – Eu também gostaria de visitar uma amiga que mora na área leste da cidade. Ela acabou de retornar ao país e me convidou para um drinque esta noite.

A área leste de Palermo era uma das regiões dominadas pelos Agostini. Portanto, Antonella sabia que Lorenzo só concordaria com o passeio se um dos seguranças de confiança pudesse acompanhar a irmã. E a entonação séria do irmão mostrava que era exatamente nisso que Romazzini pensava.

- Hoje não, Antonella. Salvatore ainda está no hospital e Romeo está de folga. Não é um bom dia para passear na área leste.

- Romeo ainda não voltou? Eu posso dar uma gratificação a ele para compensar o trabalho no dia de folga.

- Ele não voltou.

A resposta convicta veio de onde menos se esperava. Todos os olhos se voltaram para Pietro e as expressões nos rostos de toda a família queria dizer um “Como você tem tanta certeza disso?”. Pietro terminou de tomar um gole do seu vinho e abriu um sorrisinho travesso enquanto explicava.

- Romeo me disse que está na casa de um amigo. Combinamos de nos encontrar numa boate hoje. Meus interesses são profissionais, claro. Estou quase fechando negócio de uma casa noturna no mesmo bairro e quero sondar o movimento e o público da região...

Pietro acrescentou antes que o pai chiasse.

- O senhor mesmo diz que devemos tratar os funcionários como primos, papà. Então chamei meu primo Romeo pra curtir a noite comigo. E ele garantiu que estará em condições de te levar pra faculdade amanhã, gordinha. Será uma noite tranquila, eu não devo chegar tarde.

Enzo soltou uma risada anasalada, mas guardou sua opinião para si. Para o herdeiro dos Romazzini, era impossível que Pietro participasse de uma “noite tranquila”.
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Mensagem por Isadora Romazzini Qua Nov 25, 2015 4:10 pm

Durante todo o dia, Isadora conseguiu conter a curiosidade a respeito da localização de Romeo. O brunch foi bastante divertido e ela reencontrou os queridos amigos do curso e também de outras áreas. Nina era uma jovem bastante popular e, além de influente, ela era adorável. Não era dificil fazer amizade com ela, por isso outras pessoas de outros cursos estavam ali presentes.

Todos, claro, pertencentes à nata da sociedade Siciliana.

Um antigo affair de Isadora também estava presente, mas ela o evitou a todo custo, preferindo ficar ao lado de seu melhor amigo, Hugo, bissexual assumido, mais tendente ao homossexualismo e que havia terminado um relacionamento com um ator em ascensão. Ele estava arrasado, mas ainda era perceptivo para analisar a aura de Isadora e perceber que havia algo de diferente.

- Quem é ele...?

- Hm?

- Não se faça de boba, Dorinha. Eu reconheço um olhar apaixonado quando eu vejo um.  Ele é suíço?

As bochechas de Isadora coraram, a entregando e ela recuou meio passo.

- O que quer dizer com isso?! Claro que não!

- Hmmm...Seeei.

- Para com isso, Hugo!

Meio impaciente, ela deixou o amigo falando sozinho, a perturbando, mas logo sacou o celular e olhou para a imagem do perfil de Romeo no whatsapp. Permitiu-se pensar nele de novo e imaginar onde ele estava. Com quem estava. O que estava fazendo...


Será que estava beijando alguma garota da mesma forma como a beijara na noite anterior?

De certa forma, a festa parou de ter sentido para ela. Isa não queria mais estar ali. Tudo o que queria era retornar para casa e ver se ele já havia voltado.

Ficou na festa dentro do limite do aceitável e depois recebeu uma carona de Hugo para voltar para casa.


Quando entrou em casa, tudo o que ela queria era ver Romeo e perguntar como tinha sido o dia. A frustração ficou evidente em seu rosto quando soube que ele ainda não havia retornado. Só restava mesmo um pouco de Netflix até a hora do jantar.

E, no jantar, ela recebeu aquela noticia que tirou completamente o seu apetite.

Isadora ergueu o olhar na direção de Pietro e soltou um pesado suspiro enquanto empurrava de leve o prato.

- Se vocês se esbaldarem, diga a Romeo que não será necessário retornar como o meu segurança. Afinal, não fará sentido que ele pense na minha segurança, quando nem se aguentará de pé.

Pietro arqueou uma das sobrancelhas e abriu um sorriso para a irmã. Ele tinha entendido tudo, apenas com a expressão da caçula.

- Não se preocupe, Dora. Eu prometo que vou cuidar dele.

- Você não sabe cuidar nem de você mesmo, Pietro. Faça-me o favor!

- Vocês dois vão parar com isso imediatamente.

A voz de Lorenzo ecoou de modo autoritário pela mesa.

- Eu exijo modos e respeito diante da mesa.

- Perdão, papà... – Isadora abaixou a cabeça.

- Sinto muito. – Pietro falou enquanto deu um gole no vinho.

Lorenzo ficou encarando as duas crianças e soltou um suspiro um pouco mais pesado.

- Isadora, você não manda nas atribuições dos seguranças. Romeo não cometeu nenhuma falta grave e ele está no dia de folga que você deu. Não ouse passar por cima de minha autoridade.

Lorenzo disse de modo sério. Era importante que todos conhecessem limites.

- Pietro, tenha ciência que você é um homem de negócios agora e que sua irmã necessita de proteção. Não vou tolerar excessos. Estamos entendidos?

Os dois menearam positivamente.

- Ótimo. Antonella. – Voltou o olhar para a irmã.

Antonella estava com o pensamento meio aéreo, mas voltou o olhar para o irmão.

- Marque outro dia e outro local para visitar sua amiga, por favor.

- Tudo bem, fratello. Eu ainda estou com dor de cabeça, de toda forma. Ligarei para ela para marcar um encontro num momento mais propicio.

Uma vez todos entendidos, o jantar prosseguiu.

Pietro pediu licença antes mesmo que a sobremesa chegasse e saiu falando ao telefone, informando que já estava à caminho. Isadora olhou para aquilo com certo rancor e não demorou a subir para seu quarto também.


Margherita não dormiu como ela nessa noite.
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Capítulo 3 - O preço da tentação  Empty Re: Capítulo 3 - O preço da tentação

Mensagem por Romeo Campanaro Qua Nov 25, 2015 7:12 pm

O sol brilhava num céu profundamente azul. Não havia nem mesmo uma nuvem manchando a paisagem na manhã seguinte. A mansão Romazzini acordou nas primeiras horas do dia, como de costume. Lorenzo e Enzo já estavam terminando o café da manhã quando Isadora apareceu à mesa. Os dois homens geralmente saíam bem cedo para o trabalho, mas não sem antes que Lorenzo checasse se tudo estava em ordem em sua casa.

Depois que Isadora se serviu, Lorenzo finalizou o café forte de sua caneca e fez sinal para que a empregada retirasse sua louça. Quando Raoul passou pela sala de jantar, o mafioso o chamou com um gesto. A voz dele soou calma, mas firme.

- Raoul, a que horas Pietro chegou esta madrugada?

O mordomo hesitou por alguns segundos, mas não negou a resposta que Lorenzo queria.

- Às cinco, signor.

Lorenzo prolongou uma pausa e olhou discretamente na direção da filha antes da próxima pergunta.

- Romeo veio com ele?

- Não, signor. – Raoul sacudiu a cabeça em negativa – Romeo não dormiu em seus aposentos. Mas chegou há alguns minutos e já está pronto para levar a signorina para a faculdade.

- Ele está em condições de assumir esta função, Raoul?

- Julgo que sim, signor.

A conversa acabou ali e Lorenzo não comentou nada com nenhum dos filhos. Raoul era um dos funcionários mais antigos, que lhe inspirava mais confiança. Se o mordomo garantia que Romeo estava em condições de trabalhar, o mafioso tinha certeza de que não deixaria a sua bambina nas mãos de um segurança bêbado ou exausto.

De fato, quando saísse da casa, Isadora encontraria a Mercedes preta estacionada diante da escadaria principal da casa, pronta para transportá-la até a faculdade. O segurança estava encostado na lataria do carro, mexendo no celular distraidamente.

Conforme dito por Raoul, o segurança parecia bem disposto naquela manhã. O terno estava muito bem passado, os cabelos escuros ainda úmidos foram penteados para trás. Os óculos escuros ocultavam as possíveis marcas de uma noite mal dormida, mas Romeo não parecia cansado ou abatido, muito menos embriagado.

Quando escutou os passos de Isadora descendo as escadas, o segurança ergueu a cabeça na direção dela. Um breve sorriso surgiu em seus lábios enquanto Romeo travava o aparelho e guardava o celular no bolso. Campanaro contornou o veículo sem pressa e chegou diante de Isadora no exato instante em que a garota alcançava o carro.

- Buongiorno, signorina Isadora. – o segurança repetiu o nome dela com aquela entonação única e apontou as duas portas do carro – Banco traseiro ou dianteiro?
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Capítulo 3 - O preço da tentação  Empty Re: Capítulo 3 - O preço da tentação

Mensagem por Isadora Romazzini Qua Nov 25, 2015 8:19 pm

Isadora teve uma péssima noite de sono. Como uma verdadeira stalker, ela olhou várias vezes no whatsapp qual foi a última vez que Romeo tinha sido visto online e também ficou de olho nas fotos que Pietro eventualmente postava nas redes socais. Ela estava explodindo de ciúmes e quase pensou em fugir de casa só para aparecer na tal festa. Claro que ela não fez isso, porque seria o cúmulo do ridículo e seu pai a colocaria num castigo eterno.

Mas que dava vontade, dava!

Já era bem tarde quando ela conseguiu dormir, desistindo daquela informação inútil que apenas torturaria seu coração. Ironicamente, a última coisa que ela pensou antes de dormir, foi a mesma que ela pensou assim que acordou.

O beijo.

A diferença era que, no momento, ela só desejava esquecer daquele momento.

No dia seguinte, Isadora chegou em silencio até a mesa. Estava usando uma calça jeans skinny, scarpin vermelho e uma blusa branca social para dentro da calça e as mangas dobradas. O cabelo estava preso num rabo de cavalo e ela trazia os óculos escuros em sua mão. Seriam apenas aulas teóricas sobre a História da Arte, então, não havia problemas em usar branco.

Não estava com uma expressão muito boa, mesmo que o corretivo e a base escondessem as olheiras. A maquiagem era sempre muito básica – além do corretivo, ela colocou apenas rímel e um batom clarinho. Mas precisou do corretivo para esconder as marcas da noite pessimamente dormida.

Deu um beijo de bom dia em ambos e sentou-se para comer. Ouviu as informações de Raoul, mas estava decidida a não demonstrar absolutamente nada. Tinha colocado na cabeça que não deixaria aquele garoto machucar seu coração. Era uma relação puramente profissional e assim permaneceria!

Só precisava ter foco em sua vida.

Cinco minutos depois, ela se despediu do pai e do irmão. Colocou os óculos no rosto e assim que saiu da casa, ela se deparou com a Mercedes e Romeo parado ao lado dela. Parou de andar por um segundo, olhando aquele cenário. Arqueou uma das sobrancelhas e começou a descer lentamente, com toda a elegância que ela foi criada.

Parecia mais uma felina pronta para ataca-lo a qualquer momento.

Apesar dos óculos, Romeo podia ter certeza que o olhar que ela lançou para ele foi de desprezo. Talvez isso enchesse ainda mais o ego dele, alimentasse suas certezas ou o irritasse. Ela não parecia se importar, na verdade.

- Buongiorno, Romeo. – Disse sem nenhuma animação, mesmo que aquela forma de chama-la a deixasse nervosa. De mil maneiras. – Traseiro.

Recuou para que ele abrisse a porta traseira e não precisou da ajuda dele para nada. Entrou e colocou a bolsa de lado. Estava sentada logo atrás do passageiro da frente, ficando na diagonal de Romeo.

Assim que ele entrou no carro, o celular dela tocou. Isadora mostrou-se um pouco surpresa, mas logo abriu um sorriso ao ver o nome que estava na tela.

- Tão cedo? Já está com saudades? – Perguntou num tom de voz divertido. As pernas estavam cruzadas e ela olhava na direção da janela. Dava para ele ouvir uma voz do outro lado, então, não era fingimento dela. – Ah, claro...Como se eu fosse acreditar nisso.

Deu uma risada.

- Eu já sabia que você não iria, não depois de ontem. Tudo bem, eu te entrego depois.

Hugo começou a falar alguma coisa que despertou a curiosidade de Isadora.

- O que aconteceu depois? Oh, mentira! Sério? – Umedeceu os lábios. – Ah...De mim? Mas por que? Ele nem falou comigo ontem!

Ponderou, mas abriu um sorriso.

- Medo? E eu lá dou medo em alguém? Não tenho culpa se ele não é você. Awn...- Os dois deram mais risadas. – Tá bom, depois eu pergunto pra Nina. Se bem que é capaz dela me contar de toda forma. Tá bom, querido...Tá...Eu também. Ciao...

Desligou o celular e meneou negativamente. Olhou por um instante na direção de Romeo, escondido pelos óculos escuros e ficou mexendo no whatsapp.

O clima no carro era pesado, para dizer o mínimo.

Isadora era uma garota adorável, até se sentir ferida...E o que os olhos não veem, a mente inventa. Pelas fotos de Pietro, que ela estava vendo tudo agora na linha do tempo, a festa tinha sido bastante interessante.


Suspirou, meneando negativamente e fazendo um bico no canto dos lábios.
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Mensagem por Romeo Campanaro Qua Nov 25, 2015 8:59 pm

A grande verdade era que jeitinho de Isadora deixava Romeo completamente louco. Naquela manhã, quando a garota se mostrou irritada, o segurança teve que se segurar para não agarrá-la ali mesmo, contra a lataria do carro. O desprezo forçado de Isadora parecia alimentar ainda mais o interesse do rapaz.

Com um esforço desumano, Romeo conseguiu se controlar, contornou o carro e ocupou o banco do motorista. Depois de prender o cinto, o segurança deu a partida no veículo e seguiu na direção da faculdade de Isadora, obedecendo ao trajeto mais seguro descrito por Lorenzo.

Por mais que soubesse que havia uma boa dose de provocação naquela ligação, Romeo não conseguiu evitar que uma onda de ciúme se espalhasse em seu peito. Havia alguém do outro lado da linha e só isso já bastava para que o segurança se sentisse incomodado. O sangue dos Agostini que corria nas veias dele tornava Romeo um tanto possessivo com os seus “tesouros”. E, definitivamente, Isadora vinha se tornando um bem mais do que precioso para ele.

A linha do tempo de Pietro tinha uma verdadeira coleção de fotos da última noite. A julgar pelas imagens que Romazzini tivera coragem de postar, a balada havia sido bastante animada. A foto mais comprometedora era do próprio Pietro, visivelmente alterado, agarrado às cinturas de duas belas moças siliconadas com mini-vestidos impublicáveis. Mas várias outras fotos mostravam amigos de Pietro conversando ou posando ao lado de jovens atraentes.

Mesmo se procurasse nos cantinhos de todas as fotos, Isadora não encontraria nenhuma prova que “incriminasse” Campanaro. Aliás, Romeo só aparecia em duas imagens em meio às dezenas de fotos postadas por Pietro.

Numa delas, o segurança estava ao fundo, conversando com um dos amigos de Pietro, enquanto Romazzini dançava com uma bela morena em primeiro plano. Na segunda foto, Romeo fazia parte do grupinho de rapazes que posava para foto durante um brinde. Lorenzo certamente ficaria satisfeito quando visse o segurança particular de Isadora brindando com uma lata de Coca-Cola Zero.

O detalhe mais notável da foto, contudo, era como Romeo ficava ainda mais atraente sem o terno que compunha seu uniforme de segurança. Na última noite, o segurança havia optado por roupas básicas para a balada. A calça jeans era escura, a camisa social cinza de mangas compridas o deixava elegante, mas os tênis contribuíam para deixar o visual mais informal. O rapaz havia passado um pouco de gel nos cabelos e penteado os fios para trás de qualquer maneira, fazendo com que os cachos ficassem deliciosamente displicentes.

Era difícil acreditar que Romeo saíra sozinho da boate. Qualquer garota com um mínimo de bom gosto não teria coragem de se esquivar de uma investida dele. Campanaro era o tipo de rapaz por quem as amigas de Isadora ficariam completamente loucas numa festa.

E Raoul dissera que Romeo não tinha dormido em seus aposentos, tampouco chegara junto com Pietro. Era muito fácil pensar que o segurança havia terminado aquela noite em outro lugar, com uma companhia muito bem selecionada.

- Quem já estava com saudades de você...? – Campanaro lançou a pergunta com uma entonação séria e convicta, como se realmente tivesse o direito de fazer tal questionamento à garota.
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Capítulo 3 - O preço da tentação  Empty Re: Capítulo 3 - O preço da tentação

Mensagem por Isadora Romazzini Qua Nov 25, 2015 9:59 pm

O carro continuou percorrendo as ruas da área da alta sociedade de Palermo no mais absoluto silêncio. Ou pelo menos foi assim, nos primeiros três ou quatro minutos após a ligação.

Durante esses minutos de silêncio, ela foi analisando as fotos de Pietro. Não dava para que Romeo entendesse o que ela estava olhando no celular, mas parecia deveras interessante, visto que ela aumentava as fotos onde conseguia enxergar o segurança, apenas para ver o que ele estava fazendo.

A verdade é que foi meio...decepcionante. Imaginava que encontraria uma foto reveladora que lhe daria uma super munição para que explodisse com ele. E, no entanto, ele soube ser extremamente discreto e sair apenas onde lhe convinha. Ao contrário do irmão que adorava se expor.


Vale a pena destacar que a linha do tempo de Isadora também estava com algumas fotos interessantes. Eram fotos do evento que ocorreu durante a manhã e boa parte da tarde. Isadora havia ficado até umas 17h e não podia estar mais bonita e sorridente. Assim como Pietro, ela saía em várias fotos, em primeiro plano por conta da beleza e simpatia, mas nunca em momentos comprometedores.

No entanto, dava para perceber que havia um rapaz que estava saindo em quase todas as fotos com ela. Ele era muito bonito, tinha o cabelo meio aloirado e parecia muito intimo dela.

Toda a familia sabia que se tratava de Hugo. Ele tinha crescido com Isadora e era o amigo mais antigo que ela tinha. Lorenzo não nutria ciúmes do rapaz porque sabia que eles eram só amigos e seus instintos diziam que ficava por aí mesmo. Hugo era bissexual, mas sempre dizia que Isadora encabeçava a lista de garotas que ele casaria, se fosse obrigado. Planejavam até um casamento de fachada, caso as coisas dessem errado.

Eles realmente se adoravam.

E formariam um belo casal.


Isadora ficou olhando para a segunda foto de Romeo, reparando na roupa que ele estava usando. A sobrancelha dela se arqueou um pouco mais e ela só imaginou a quantidade de garotas que se amontoaram para chegar perto dele. Sentiu até uma tensão no pescoço por conta da irritação acentuada.


Como uma verdadeira ironia do destino, foi nesse exato instante que ele resolveu provoca-la naquele instante. Porque aquilo foi uma provocação em forma de piada. Quem era ele para fazer uma perguntas daquelas, naquele tom de voz?!

A italiana abaixou os óculos lentamente, lançando o mais homicida dos olhares para Romeo.

- Como é...? – ela arqueou uma das sobrancelhas. O tom de voz completamente diferente do usado ao telefone. – Eu ouvi direito? Não lembro de ter que dar nenhuma satisfação a você, Romeo. Esse tipo de informação faz parte do seu trabalho agora?

E ela encarava o perfil dele, não o reflexo do espelho.

- Eu sou o seu segurança pessoal, Isadora. E tudo o que lhe afeta, me diz respeito sim.

Ela deu um riso forçado, meio debochado, que só mexeu com suas bochechas.

- Poupe-me, Romeo. Eu não tenho que te dar satisfações da minha vida privada, assim como não exijo saber absolutamente nada da sua!

O carro freou bruscamente e Isadora arregalou os olhos quando ele se virou.

- Eu vou perguntar só mais uma vez. Quem.estava.com.saudades.de.você?

Tirou o óculos para encará-la e virou-se um pouco.

- Pois eu não digo. E se você vai fazer uma cena, faça sozinho, Romeo.

Abriu a porta e saiu do carro.


Eles estavam à caminho do centro ainda, passando pela elevado que tinha uma visão linda do mar. E Isadora, em sua teimosia infinita, estava  disposta a voltar para casa à pé só para não dar uma resposta a Romeo!
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Capítulo 3 - O preço da tentação  Empty Re: Capítulo 3 - O preço da tentação

Mensagem por Romeo Campanaro Sex Nov 27, 2015 1:17 pm

Isadora conseguiu caminhar um trajeto considerável sem ser interrompida. A rua se tornou um pouco mais distante quando a garota alcançou a praia, mas sempre mantendo uma distância segura da água. Os sapatos se afundaram na areia e obrigaram Isadora a retirar os calçados e continuar sua marcha com os pés descalços, mas nem isso desmotivou a garota a continuar.

Quando achou que estava “salva” do segurança, Isadora foi bruscamente puxada pelos braços. Isadora tentou se debater, mas Romeo não teve a menor dificuldade em imobilizá-la. Ele estava corado depois de ter corrido atrás dela e não parecia nada feliz por ter sido deixado para trás no carro.

- Está me machucando! – Isadora rosnou quando sentiu suas costas serem apoiadas com firmeza contra uma das palmeiras da praia.

- Não estou, não.

Campanaro respondeu com a convicção de alguém que sabia muito bem como machucar uma pessoa. E ele sabia que não estava machucando Isadora simplesmente porque aquela não era a sua intenção.

Os braços da garota estavam imobilizados com firmeza, mas Isadora ainda tentou acertar Romeo com um dos joelhos. Com facilidade, o segurança se esquivou do golpe e usou a lateral do quadril para impedir que a garota fizesse uma nova tentativa. Como se Isadora ainda não estivesse suficientemente furiosa, Campanaro a provocou ainda mais.

- É tudo o que consegue fazer? Você realmente precisa aprender muito, Isadora. Talvez já soubesse um ou outro golpe efetivo se não tivesse dispensado a minha primeira aula...

- Me solte. – a voz de Isadora soou perigosamente baixa – Agora, Romeo.

- Você ainda não respondeu a minha pergunta.

- Como você é desaforado! – Isadora rosnou, ainda imobilizada – Eu já disse que não te devo satisfações da minha vida privada!

Os olhos azuis escuros se estreitaram, mas Romeo não ergueu a voz. A irritação dele se refletiu apenas na entonação e na escolha ásperas das palavras.

- Enquanto eu estiver arriscando a minha cabeça para salvar o seu pescoço, você me deve satisfações de cada passo que der. O seu pai não contratou um segurança particular apenas por luxo ou para carregar as suas sacolas de compras. Ele me quer ao seu lado para evitar que uma bala perfure essa sua linda cabecinha! Portanto, da próxima vez que você saltar do carro em movimento e me deixar falando sozinho, pense que pode ser a sua última ceninha antes de uma morte sangrenta!

Isadora costumava ser poupada da realidade violenta que cercava a máfia. Lorenzo e Enzo a tratavam como uma bonequinha, Pietro ainda via uma criança quando olhava a caçula. Antonella às vezes tentava trazer a sobrinha para a realidade da família, mas jamais chegara perto de ser tão direta quanto Romeo.

- Você não quer ser tratada como uma menina? Então pare de agir como uma criança birrenta, Isadora! O mundo não é o conto de fadas que seu papà construiu ao seu redor. – Romeo afastou uma das mãos e apontou o ambiente ao redor deles – A sua cabeça vale um prêmio para muitas pessoas espalhadas por aí. Então talvez seja uma boa hora para começar a ter um comportamento mais maduro.

Finalmente, Romeo soltou a garota por completo e deu um passo para trás.

- Agora responda a minha pergunta. Com quem você estava falando no celular?
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Capítulo 3 - O preço da tentação  Empty Re: Capítulo 3 - O preço da tentação

Mensagem por Isadora Romazzini Sex Nov 27, 2015 5:11 pm

Romeo era um homem realmente incrível. Ele tinha um raciocínio rápido e uma lábia poderosa. Com aquele discurso, ele conseguiu desconstruir os seus ciúmes para atingir Isadora de um jeito tão doloroso quanto as atitudes dela foram com ele. O problema foi que ele errou na dosagem.

E Isadora...

Bom, Isadora não era uma garota qualquer. Ela era muito bondosa, mas extremamente geniosa. E não gostava de se sentir acuada ou ferida, mesmo que por palavras. Além disso, na maioria das vezes, as palavras doíam mais do que um soco.

- O que você sabe sobre mim, Romeo?

Ela perguntou num tom de voz rouco, mas bastante sério. O rosto começou a ficar um pouco mais vermelho e ela cravou os olhos azuis claros nos dele. Era nesse momento que ela começava a crescer e quando ele a soltou e recuou, ela deu um passo na direção dele.

- Você não sabe absolutamente nada sobre mim. E a sua opinião sobre o que você ACHA que conhece, não me importa nem um pouco! Porque ela é rasa e ao contrário do que eu imaginei num primeiro momento, você nunca será capaz de entender completamente como eu sou!

Os olhos dela ficaram um pouco mais vermelho.

- Você acha que é fácil? Ter blackouts mentais quando alguma coisa acontece? Eu tenho lacunas na minha cabeça, sobre episódios que eu sei que vivi e que eu sonho com eles, mas não sei exatamente quando, como ou onde aconteceram. No entanto, existe um – Ela indicou com o dedo indicador. – Que eu daria toda a minha fortuna para simplesmente apagar da minha memória, mas é o que mais se faz presente na minha vida. Você realmente não gostaria de estar aqui, Romeo.

Indicou a cabeça dela e uma lágrima escorreu.

- Você acha que eu não sei que minha cabeça vale um premio? Obvio que eu sei. Meu pai tem inimigos políticos e da empresa dele. Minha familia inteira corre risco de vida, sempre. Eu sei disso. E você não precisa jogar isso na minha cara!

Passou a mão pelo rosto.

- O seu trabalho, na verdade, era me proteger e não questionar o que eu faço ou deixo de fazer com a minha vida privada! Mas já que você usa de subterfúgios tão cruéis para saber quem estava no maldito telefone, TOME A VERDADE ENTÃO, ROMEO. Era o meu melhor amigo de infância! E nós sentimos saudades um do outro porque nos amamos como irmãos!


Isadora estava apertando os sapatos em suas mãos e ainda estava parada diante de Romeo. Os olhos avermelhados continuavam sobre os dele, sem nem ao menos piscar.

- Satisfeito? Valeu a pena?


Franziu as sobrancelhas de novo e não esperou por uma resposta. O queixo dela tremeu de novo, mas ela engoliu o choro porque seu orgulho e ego eram maiores do que isso.
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Capítulo 3 - O preço da tentação  Empty Re: Capítulo 3 - O preço da tentação

Mensagem por Romeo Campanaro Sex Nov 27, 2015 5:40 pm

- Se você sabe tudo isso...

Por mais que tivesse recuado após o desabafo de Isadora, Romeo era orgulhoso demais para deixar que a garota tivesse a última palavra naquela discussão. Seu sangue Agostini não permitiria que ele entregasse a vitória tão facilmente para uma Romazzini.

- ...não deveria se comportar de maneira tão irresponsável. Ninguém espera que você se recupere totalmente dos traumas do passado, mas o MÍNIMO que você pode fazer é evitar que seu pai e seus irmãos sofram com mais uma tragédia.

O segurança novamente se colocou diante de Isadora, mas não a tocou. O olhar dirigido à garota foi intenso, mas Romeo usou uma entonação menos agressiva desta vez. A última coisa que ele queria era provocar uma crise de choro nela.

- Eu não tenho piedade de você e nem vou tratá-la como uma boneca de porcelana delicada. Este tem sido o erro da sua família, Isadora. Os horrores do seu passado são inquestionáveis, mas privá-la da realidade não vai ajudá-la a superar nada. E, mesmo que você não concorde, você precisa superar. Não dá pra viver eternamente sob a sombra do passado, por mais sufocante que ela seja.

Romeo parou onde estava e indicou a direção onde ficava a casa dos Romazzini. Como os dois tinham começado a discussão logo depois de sair de casa, Isadora conseguiria chegar ao seu destino com menos de meia hora de caminhada se seguisse naquela direção.

- A escolha agora é sua. Se você quer um segurança que te trate como uma garotinha indefesa e traumatizada, basta assumir o risco de seguir sozinha. Você não terá nem mesmo o trabalho de conversar com o seu pai porque eu pedirei demissão deste cargo antes que você chegue em casa.

A brisa do mar estava forte, mas o gel no cabelo do segurança impedia que os fios ficassem muito atrapalhados. Os sapatos sociais estavam sujos e úmidos por causa da areia molhada, mas o restante do uniforme continuava impecável.

- Agora, se você quiser ser tratada com a maturidade que diz ter, dê meia volta, entre novamente no carro e eu te deixarei na faculdade.

Uma das sobrancelhas de Romeo se ergueu enquanto ele completava usando as mesmas palavras escolhidas por Isadora há duas noites. Ele obviamente estava se referindo também ao beijo proibido trocado pelos dois.

- Neste último caso, toda esta discussão pode entrar para a lista de coisas a serem “esquecidas porque não irão se repetir”.
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Capítulo 3 - O preço da tentação  Empty Re: Capítulo 3 - O preço da tentação

Mensagem por Isadora Romazzini Sex Nov 27, 2015 6:40 pm

A Romazzini parou quando Romeo ficou diante dela de novo. O queixo estava um pouco tenso e os olhos avermelhados, mas ela já tinha engolido o choro. Cruzou os braços, mantendo a cabeça erguida e o nariz até mesmo um pouco empinado. Não adiantava muito, porque, de toda forma, ela tinha que olhar para cima por conta da diferença de altura entre eles, ainda mais com a ausência de salto alto.


O discurso de Romeo era bastante eloquente. Ninguém poderia negar mesmo o poder de persuasão dele. Mas Isadora conhecia essa técnica porque seu pai e sua tia viviam usando. Ela não podia responde-los sempre, mas Romeo...

Por que não?

Arqueou uma das sobrancelhas, formando um bico no canto dos lábios.

- Pare com esse drama, Romeo.

Meneou negativamente.

- Eu estava te ouvindo até você colocar o seu emprego em jogo. – Foi a vez de Isadora se aproximar um passo a mais dele. – Depois de todo o esforço que você fez para manter o cargo, realmente vai pedir transferência o demissão?

Tocou no queixo dele, para que ele a encarasse direito.

- Eu duvido.

Cerrou os olhos.

- E é uma certeza tão forte quanto o fato de não termos esquecido o que aconteceu naquela noite. Nem por um minuto.

Trincou os dentes, mas continuou no mesmo lugar, encarando-o.

- Estou indo pro carro, mas vamos para outro lugar. Qualquer lugar. Já perdi o primeiro tempo e meus professores não são tolerantes com atrasos.

Suspirou e passou por Romeo, sem ter certeza se realmente conseguiria ultrapassa-lo.

E, principalmente, se queria ultrapassá-lo.


Olhou de banda para ele enquanto passava, numa câmera lenta que só existia na mente dos dois. E caso ele nada fizesse, ela seguiria até o carro de novo, procurando o mesmo lugar que tinha sentado antes.
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Mensagem por Romeo Campanaro Sáb Nov 28, 2015 5:15 pm

Um dos braços de Romeo foi esticado e ela rodeou o punho de Isadora com seus dedos compridos, impedindo que a garota continuasse aquela caminhada.

Havia um brilho diferente nos olhos azuis escuros quando o segurança deu um passo na direção dela. Sua voz soou num sussurro meio rouco.

- Então você não esqueceu? Nem por um minuto, Isadora...?

Antes que a filha de Romazzini pudesse encarar aquilo como mais uma provocação, Romeo completou na mesma entonação.

- Eu também não.

Apesar das insistentes provocações e das trocas de farpas, era inegável que existia uma tensão enorme entre os dois, uma atração quase palpável de tão real.

Romeo tentava se convencer de que aquilo fazia parte do jogo, mas era evidente que o segurança se sentia cada dia mais envolvido com a filha do pior inimigo dos Agostini.

Com a mão livre, Romeo acariciou o rosto delicado de Isadora usando as pontas dos dedos. A carícia foi descendo vagarosamente pelo pescoço dela até atingir os cabelos macios.

Mesmo sabendo que era arriscado fazer aquilo num local aberto, onde qualquer testemunha poderia ver, Romeo não resistiu à tentação. Isadora tinha um poder próprio de deixá-lo completamente fora de si.

- Romeo... – a moça novamente suspirou enquanto ele se inclinava na direção dos lábios dela.

- Isadora... – o segurança murmurou em resposta enquanto fechava os próprios olhos.

A brisa do mar soprava contra os dois quando os lábios se uniram.

Novamente o beijo se iniciou calmo e delicado, mas logo Romeo aprofundou a carícia movendo os lábios e a língua de forma mais ávida. Os braços dele também fizeram sua parte puxando Isadora para um abraço que a acomodou perfeitamente junto ao peito firme do segurança.
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Capítulo 3 - O preço da tentação  Empty Re: Capítulo 3 - O preço da tentação

Mensagem por Isadora Romazzini Sáb Nov 28, 2015 7:30 pm

Um arrepio percorreu pelo corpo de Isadora quando ela sentiu o novo toque de Romeo. Era sempre aquela eletricidade que acelerava o coração dela, o bombeamento do sangue e nublava completamente a única barreira que a protegia dele: a sua mente geniosa.

Os olhos dela estavam fixos sobre os dele de novo. Quando a pergunta veio, ainda mais naquele tom de voz, ela realmente cogitou que ele estava provocando o seu orgulho. Chegou a franzir um pouco mais as sobrancelhas, mas...Ele a surpreendeu. Isadora ficou sem fala e com as bochechas ainda mais coradas.

- Você...não esqueceu...?

Perguntou num fiozinho de voz enquanto ele se posicionava diante dela.

A carícia veio e ela abaixou um pouco o olhar, observando os detalhes da mão dele. E também o caminho que ela fazia. Engoliu em seco ao sentir o toque em seu pescoço e voltou a fixar os olhos naquele oceano noturno.

Toda a raiva que ela tinha sentido antes tinha evaporado. Ela não se importava mais com a forma que ele tinha falado ou o conteúdo de sua fala. Sabia que ele tinha sentido ciúmes e que ele tinha jogado muito baixo para balançar as estruturas dela, mas...não se importava mais.

Se Romeo soubesse que podia mexer com ela de outras formas, certamente não teria dito aquelas coisas.

E, pelo jeito, ele tinha acabado de ter certeza disso.

Pelo menos ela teria suas estruturas abaladas de um modo mais interessante, impactante. Irresistível e irreversível.

O beijo veio logo após o sussurro.

Assim como o primeiro beijo, o segundo começou doce e suave. No entanto, agora que eles já tinha experimentado essa vertente que eles carregavam, o corpo estava disposto a procurar por mais. E ambos queriam saber como seria o gosto de um beijo mais adulto...

Provavelmente, bem temperado, ainda mais com aquele sal da praia.

Isadora envolveu o pescoço de Romeo com os dois braços e enfiou os dedos por baixo dos cachinhos que ele tinha. O par de scarpin tinha caído na areia, ao lado do corpo deles e a jovem afundava tanto na areia quando o corpo no corpo dele.

Tombou a cabeça para o lado, puxando os cachos do cabelo perfeito e o beijo ficou feroz. Os lábios estavam bastante abertos, mas as línguas duelavam lentamente, se provocando, roçando. Ela afastou um pouco os lábios e abriu os olhos, encarando-o de pertinho.

Os lábios estavam inchados, mas quando ela viu aquele rosto, umedeceu os lábios de novo e foi a vez dela de roubar um beijo dele.

Voltou a grudar os lábios, mudando para o outro lado e descendo uma mão do pescoço até o terno dele, puxando-o com força.

Isadora nunca tinha agido assim com tanto desejo e tanta paixão por conta de um beijo. Mas Romeo tirava seu juízo e fazia com que ela estivesse disposta de cometer as maiores loucuras ao lado dele.

Tudo pelo momento.


E, claro, por ele.
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Mensagem por Romeo Campanaro Dom Nov 29, 2015 8:15 am

Nem Campanaro esperava por um beijo tão intenso quando uniu seus lábios aos dela naquela manhã. Mas Isadora surpreendeu o segurança mostrando que conseguia ir além da aparência delicada e inocente que possuía. Havia uma italiana de sangue quente escondida atrás da máscara de ingenuidade.

Quando partiu de Isadora a iniciativa de um segundo beijo naquela manhã, Romeo abandonou qualquer receio. Se a garota queria tanto, não seria o segurança o responsável por colocar um fim naquela loucura.

As mãos de Romeo a agarraram com firmeza pela cintura. Isadora deixou escapar um suspiro em meio ao beijo quando sentiu que seus pés não tocavam mais na areia da praia.

Uma onda de eletricidade percorreu os dois corpos quando Romeo empurrou a garota até que as costas de Isadora estivessem apoiadas contra o tronco da palmeira mais próxima.

Para manter o equilíbrio, a garota não teve outra alternativa senão enlaçar o corpo do segurança com as pernas, mantendo as coxas macias apoiadas nas laterais da cintura dele.

Se estava acostumada a ser tratada como uma menina, Isadora se surpreenderia ao ser tocada e beijada como uma mulher naquela manhã.

Quando o fôlego reduzido de ambos começou a comprometer a velocidade do beijo, os dois diminuíram a aceleração dos movimentos, mas nem por isso o beijo se tornou menos intenso.

Ao contrário, a maneira como Romeo deslizou a língua suavemente pela boca de Isadora foi um gesto absurdamente íntimo e provocante.

Os lábios dele se curvaram num discreto sorriso quando a moça em seus braços se arrepiou. Isadora novamente o surpreendeu quando, ao invés de recuar, repetiu o gesto do segurança e usou a língua para retribuir à carícia íntima iniciada por Romeo.

Aproveitando-se que Isadora permanecia completamente inebriada por aquela paixão sufocante que crescia entre os dois, Romeo deixou que seus lábios deslizassem da boca para o queixo da garota. Inconscientemente, Isadora tombou a cabeça para trás, abrindo acesso para seu pescoço.

Campanaro entendeu imediatamente que aquilo era um convite e aceitou a proposta, levando seus beijos para o pescoço de Isadora.

A pele macia da moça o enlouquecia, assim como o perfume delicado que ela usava misturado ao cheiro agradável da pele de Isadora.

As mãos dela puxando os cachos escuros dos seus cabelos também eram como um combustível que inflamava ainda mais aquele momento quente.
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Mensagem por Isadora Romazzini Dom Nov 29, 2015 11:58 am

Isadora mal podia acreditar no que estava acontecendo naquela praia. Há alguns minutos, uma cena daquela era simplesmente inviável para os dois. E, no entanto, agora estavam completamente entregues aos beijos e amassos comprometedores, no meio de uma praia. E nem era uma praia deserta!

O problema era que eles não se importavam.

Pelo menos não no inicio.

Os beijos de Romeo desciam pelo pescoço perfumado de Isadora. E a pele macia se arrepiava com aqueles toques e aquele contato do corpo. As pernas dela ficaram mais tensas e se fecharam um pouco mais ao redor de sua cintura. Nada daquilo parecia um problema para ele, que sustentava o corpo dela como se ela pesasse menos de um isopor.


Os suspiros ficaram um pouco mais provocantes e ela roçou a cabeça de leve pelo tronco da palmeira, quando tombou a cabeça para trás e Romeo continuou descendo. Pela jugular, pelo colo dela.

Isadora ainda o despenteava, puxando os cachos com um pouco mais de força do que o necessário, por conta do desejo que ela sentia.

Quando Romeo desceu um pouco mais o beijo, Isadora abriu os olhos e a claridade trouxe um pouco de sanidade à sua mente.

- Romeo...Romeo!

Ela o chamou e então soltou as pernas da cintura dele, tentando voltar ao chão, mesmo que ainda estivesse prensada por conta do corpo dele.

- Nós...

"Não podemos?"

Mas como ela podia dizer isso se ela queria tanto aquele momento? Se ela não conseguia mais dormir em paz, porque sentia falta do cheiro dele? Ou então ficava relembrando do primeiro beijo, que tinha sido muito mais calmo e suave do que esse de agora.

Como ela conseguiria dormir em paz depois desse segundo beijo?!

- Nós...Precisamos ir com calma...

Disse num suspiro, deixando as mãos nos ombros dele.

- De verdade. – Afastou-se o mínimo para que pudessem conversar. – Você tem noção do quanto isso é perigoso? Isso pode custar o seu emprego ou quem sabe mais? Meu pai não vai aceitar isso...E...E eu não quero que você se machuque.

Acariciou o rosto dele com a ponta dos dedos.

- Por favor, vamos com calma...

Ela disse num sussurro, mas quase o beijo de novo. Felizmente, ela controlou o impulso e aquele magnetismo que sentia pelos lábios dele. Parou no meio do caminho e o encarou, quase como uma criança que estava fazendo uma travessura.


Escondeu os lábios para não rir ou sorrir e se afastou de novo.
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Capítulo 3 - O preço da tentação  Empty Re: Capítulo 3 - O preço da tentação

Mensagem por Romeo Campanaro Dom Nov 29, 2015 4:47 pm

Embora aquela interrupção não tivesse sido agradável para Romeo, ao menos serviu para que o segurança recuperasse um pouco de sua sanidade.

Por mais que estivesse envolvido com Isadora, o rapaz precisava concordar com ela. Ali, no meio de uma praia, perto de uma avenida movimentada, não era o melhor lugar para aquele amasso. E, definitivamente, as coisas não podiam ir além disso naquele local.

Eles precisavam mesmo ir com calma. Romeo estava há poucos dias no emprego e não podia colocar todo o plano dos Agostini em jogo por causa de uma garota. Por mais tentadora que fosse Isadora Romazzini.

- Está certo...

O segurança permitiu que Isadora descesse as pernas e sorriu quando, ao invés de pisar na areia, a garota apoiou os pés sobre os sapatos dele. Os corpos dos dois continuaram colados e Romeo se permitiu roubar um último beijinho dos lábios da garota antes de se desgrudar dela.

- Podemos ir com calma. – Campanaro estava mais sério quando completou – Só não me peça para esquecer isso de novo. Nada será esquecido, entendido...?

Romeo não saberia dizer o que esperava daquele envolvimento. Era óbvio que Lorenzo nunca aceitaria que sua única filha se relacionasse com um segurança. E o relacionamento se tornava ainda mais improvável quando Campanaro se lembrava de que aquele disfarce não duraria para sempre. Quando soubesse sobre o sangue Agostini, Lorenzo jamais permitiria que Romeo se aproximasse novamente de Isadora.

Mas a verdade é que Romeo não queria se preocupar com isso agora. A prioridade do momento era Isadora e a forma perfeita como os dois se encaixavam.

Embora tivesse uma vida amorosa meio conturbada e movimentada, Romeo nunca havia experimentado aquilo com mulher alguma. Isadora o tirava de órbita por completo. A garota era bonita, mas o segurança sabia que não era apenas a beleza que o atraía. Era a personalidade difícil de Isadora, e a forma como ela parecia inocente em meio a tudo que a cercava.

E, claro, o fato de ser uma relação proibida – em vários aspectos – só temperava ainda mais aquela paixão. Isadora era bem mais nova, filha do patrão, possuía o sangue Romazzini. Aquela era uma tentação grande demais para homens como Romeo, que não recuavam diante de um desafio.

- Ligue para o seu pai...

Romeo riu da expressão confusa de Isadora antes de explicar.

- Já devem ter ligado para avisar que você não apareceu na faculdade. Ligue e explique a ele que pegamos muito trânsito na avenida principal e que você pretende aproveitar a manhã perdida para fazer compras, ou visitar um amigo... qualquer desculpa boa o bastante para justificar o nosso sumiço por alguns horas.
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Mensagem por Isadora Romazzini Seg Nov 30, 2015 3:00 am

A racionalidade se fez presente quando Romeo concordou em irem com calma. Isadora estava meneando positivamente quando recebeu o selinho e por pouco, muito pouco, ela não se entregou novamente ao momento.


Isadora não sabia porque Romeo exercia tanto fascínio nela. Ao contrário do segurança, que conhecia todos os impedimentos daquela relação, a jovem e inocente Romazzini entregava o seu coração ao que sentia quando estava perto dele. Não era o fato de ser o segurança ou um rapaz mais velho.

Era ele, por inteiro.

Talvez isso fosse ainda mais perigoso e intenso do que o desafio em si. Porque Isadora estava entregando muito mais do que sua mente ao aceitar seguir com aquela loucura. Era uma parte de seu próprio coração, de seus sentimentos, de sua história. E as chances dela sair magoada por conta da ignorância dos fatos eram muito maiores do que as de Romeo.


O último selinho foi dado e ela chegou a sorver os lábio inferior dele.

Romeo a encarou bem de perto, pedindo para que ela nunca mais dissesse para esquecer aquilo.

- Não...É impossível esquecer, Romeo...

Ela disse num sussurro e meio encolhida. Porque o rapaz conseguia crescer ainda mais quando agia daquele modo autoritário e, nesses momentos, nem ao menos a postura Romazzini era capaz de ser mantida.

Os dois se encararam fixamente até que ele deu aquela ordem que fez Isadora arregalar um pouco mais os olhos.

- Por que?

Ele queria assumir os riscos imediatamente?!

As bochechas dela coraram e o coração acelerou, mas logo vinha com aquela explicação. Como ele conseguia pensar em tudo num momento como aquele?

Talvez fosse o treinamento...

- Certo...Mas eu preciso voltar para o carro...

Disse com um pequeno sorriso no canto dos lábios. Ela se afastou da palmeira, caminhando um pouco na frente e Romeo logo perceberia que a belíssima blusa social de tecido fino estava puída por conta do roçar da delicada peça contra a árvore.

Sair para as compras era mesmo a melhor opção...

(...)

Lorenzo tinha acabado de receber a ligação de seus olhos na Universidade. Sempre havia uma tolerância de cinco minutos para Isadora, mas já tinham sete minutos e nada na menina. Se o atraso chegasse a dez, ele tomaria providencias.


Ele estava trabalhando em casa, mas não conseguia se concentrar naquele instante.

Até que o telefone tocou com o numero de Isadora.

- Onde você está, bambina!?

- Desculpa, papà...Eu tentei chegar até a faculdade, mas não consegui. O trânsito estava horrível e ainda furamos o pneu no caminho. Tivemos que parar para trocá-lo e perdemos muito tempo.

Isadora soava tão sincera, tão verdadeira que até mesmo Romeo se surpreenderia. A capacidade de mentir estava, de fato, no sangue.

- Pelo menos nada de mal aconteceu a você. Vai voltar para casa, então?

- Ah, eu gostaria de aproveitar o dia e passear um pouco por Palermo. Ainda não tive a oportunidade de rever minha cidade toda...

- Isadora.

A voz de Lorenzo soou fria.

- Você matou aula para passear?

- Papà... – Isadora estava “audivelmente” ofendida. – O senhor acha que eu ligaria se estivesse mentido?

- ...

- Eu não sou o Pietro! Se quer que eu volte para casa, eu volto.

- Não. Eu acabei de discutir com o seu irmão, me desculpe, bambina. Vá, vá passear. Tenho certeza que está em boas mãos com Romeo. Mas volte para o almoço. Sua tia estará sozinha em casa e ela anda um pouco estranha, mais sensível do que o normal.

- É a data, papà...

- Eu sei. Mesmo assim...Volte e almoce com ela.

- Tudo bem...

- Ti amo.

- Ti amo troppo, papà...

Os dois desligaram e Isadora ficou encarando o celular por um instante.

Como pode?

Tinha sido fácil demais...mentir para o papà. E ela nunca, NUNCA tinha feito isso.

Dava para perceber como ela estava se sentindo mal por isso. Pelo menos agora ela estava no banco da frente, ao alcance de Romeo.


Ela o encarou de novo e suspirou.
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Capítulo 3 - O preço da tentação  Empty Re: Capítulo 3 - O preço da tentação

Mensagem por Romeo Campanaro Seg Nov 30, 2015 5:03 pm

A sombra que pesava o olhar de Isadora foi facilmente dissipada quando o segurança se inclinou na direção dela e capturou os lábios da garota com mais um beijo apaixonado. Por mais que se sentisse culpada por ter mentido para Lorenzo, a caçula dos Romazzini precisava admitir que aquela era uma excelente recompensa.

- Vamos...?

Romeo murmurou depois do beijo, buscando pelos olhos de Isadora com um semblante carinhoso. Depois que a garota concordou, ele apenas esperou que ela prendesse o cinto de segurança para dar a partida no veículo.

Por mais que tivesse dezenas de ideias mais interessantes para aquele dia, Campanaro seguiu na direção do shopping. Isadora não podia chegar em casa com a blusa totalmente desgastada depois dos intensos amassos com o segurança na praia. Além disso, era bom que fossem vistos num local público. Lorenzo tinha olhos espalhados por toda a cidade e seria interessante que alguém contasse ao mafioso que Isadora fora vista no shopping naquela manhã, fazendo inocentes compras na companhia do segurança particular.

A primeira parada dos dois, obviamente, foi numa loja de roupas femininas. Isadora escolheu sabiamente uma marca refinada, cujos donos eram amigos dos Romazzini. Certamente o mafioso logo saberia que a filha estivera no shopping e não fazendo nada que ele desaprovaria.

A menina empilhou algumas poucas peças de blusas nos braços antes de seguir até as cabines de prova. Romeo a seguia de perto, mas sempre mantendo uma distância respeitosa e um comportamento exemplar na frente das outras pessoas.

Provavelmente, Isadora era a única pessoa que pensava que a manhã de segunda-feira era um bom dia para fazer compras. As lojas estavam desertas e o número de funcionários era reduzido naquele horário exatamente porque o movimento era quase inexistente.

Como a única atendente da loja já havia ajudado Isadora a selecionar o tamanho certo das blusas que a garota mais gostara, Romazzini seguiu sozinha até as cabines para experimentar as peças. O combinado era que Romeo esperasse por ela na entrada do vestiário, mas o segurança não resistiu à tentação.

Isadora estava totalmente sozinha na área das cabines e a única vendedora presente na loja logo se distraiu com a entrada de uma cliente que aparentemente queria trocar um vestido comprado no dia anterior.

Foi fácil para Romeo deslizar para dentro do vestiário sem que ninguém notasse seus movimentos. Isadora estava tão distraída com as blusas que não escutou os passos que se aproximavam e só percebeu que não estava mais sozinha quando Campanaro afastou subitamente a cortina que tapava a cabine e se enfiou no espaço apertado.

Ver Isadora vestindo somente as calças e um sutiã delicado foi uma surpresa não planejada pelo segurança.

- Estou com saudades... – Romeo explicou diante do olhar surpreso e constrangido da menina.

Antes que Isadora pudesse pensar em qualquer reação, Romeo já tinha dominado por completo a situação. Com uma habilidade invejável, o segurança novamente retirou os pés de Isadora do chão, apoiou as mãos por baixo das coxas da garota e pressionou as costas nuas dela contra a parede da cabine.

A língua de Romeo ultrapassou a barreira dos lábios de Isadora e deslizou demoradamente pela boca dela antes que seus lábios iniciassem mais um beijo sufocante.
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Capítulo 3 - O preço da tentação  Empty Re: Capítulo 3 - O preço da tentação

Mensagem por Isadora Romazzini Seg Nov 30, 2015 8:32 pm

Isadora estava diante do espelho, ajeitando o seu bonito sutiã branco rendado. Tinha acabado de ver o estranho que fizera na blusa social e a pendurou de lado. Mesmo sendo uma garota desapegada e bem mais altruísta do que as meninas de sua classe social, Isadora tinha sua dose de vaidade e, como toda mulher, estava observando seu corpo no grande espelho do provador.

A beleza de Isadora era transcendia o que poderia ser considerado belo. Não era apenas um rosto belíssimo e harmônico, ela tinha curvas e proporções exatas, quase como se tivessem medido cada pedacinho dela.

Não era à toa que inúmeras propostas tinham surgido para que ela modelasse, mas Lorenzo sempre rejeitou porque não podia imaginar sua filha posando de biquínis ou lingeries. Sua saúde não permitia isso.

No entanto, lá estava Isadora ajeitando o busto de seu sutiã, deixando os seios no formato perfeito da peça.

A barriga era lisa, perfeita e o umbigo para dentro. Logo vinha a calça jeans que não a marcava, nem ao menos uma irregularidade. Para onde ia toda aquela comida que ela se entupia? Provavelmente apenas alimentava a beleza dela mesmo.

Estava pegando a primeira blusa quando Romeo invadiu o vestiário.

- O que...?

Ela arregalou os olhos, virando-se na direção dele. Deixou a blusa na frente do corpo, tentando se esconder minimamente, mas ele podia ver a curva perfeita de sua cintura e as marcas que o sutiã deixavam.

- Romeo...

Murmurou ainda completamente incrédula da postura ousada e inconsequente dele. E, mesmo assim, ela sorriu quando ele a pegou daquela forma. Talvez por conta das saudades que ele estava sentindo.

Isadora aumentou o sorriso e deixou a blusa de lado, envolvendo o pescoço dele e correspondendo ao beijo na mesma intensidade. Lá estava sua mão bagunçando o cabelo cacheado do segurança, quase como um vicio de seu corpo. Os lábios acompanhavam o ritmo ditado por Romeo e se moviam de modo incansável, insaciável e apaixonado.

Mordiscou o lábio inferior dele ao final e o encarou de pertinho.

- Doido. Inconsequente...Desaforado!

Dizia baixinho e arrancou algumas risadas dele.

- Isso porque eu pedi para que tivesse calma...

- Acredite, Isadora, estamos indo com calma.

As bochechas dela coraram com aquela revelação e ela deu uma risadinha meio nervosa.

-Signorina?

Os dois arregalaram os olhos ao reconhecer a voz da vendedora.

- Signorina, está tudo bem?

Ela estava cada vez mais próxima. Isadora deu um beliscão em Romeo, mexendo os lábios e dizendo.


- Olha o que você fez!!

Romeo teve que pensar rápido e então espalmou as mãos nas laterais do provador e içou um pouco o corpo, o suficiente para que seu pé não fosse visto. Isadora colocou a mão na cabeça e então abriu um pequeno espaço na lateral do provador, colocando a cabecinha para fora.


- Olá!

- Como ficaram as roupas?

- Ah, estão ficando...ótimas. Será dificil escolher apenas uma.

- Que bom! Olha essa que maravilhosa...

Mostrou mais uma peça que estava trazendo em suas mãos.

- Nossa, ela é linda mesmo...

Isadora analisou a roupa, até que percebeu que a frente estava vazia.

- Você, por acaso, viu meu o meu segurança?

- Ah, não...Ele estava ali agora mesmo.

- Será que você poderia chama-lo? Eu já estou saindo e não quero carregar tudo sozinha...

- Certo, vou ver se ele não está lá na frente...

- Obrigada...

Deu um sorrisinho e fechou o provador. A vendedora saiu e Isadora encarou Romeo de novo.

- Se vira!!

Empurrou de leve, mas ele sairia no momento mais propicio.

Cerca de vinte minutos depois, os dois saíram da loja cheio de bolsas e Isadora estava com uma blusa nova. Os dois mantinham uma postura séria e quase indiferente um para o outro. Romeo estava segurando todas as bolsas dela e ela mantinha uma postura um pouco mais afetada, propositalmente afetada.

Bastou, no entanto, eles virarem numa das curvas do shopping e começaram a rir como dois adolescentes.

Aquela travessura tinha deixado um gostinho de quero mais. E Isadora estaria mentindo se dissesse que não queria se enfiar com ele num provador de novo.

Enquanto eles caminhavam, eles encontraram uma cabine fotográfica, no mesmo andar dos fliperamas. Isadora mordeu o lábio inferior e apenas o encarou. Romeo entendeu o que ela quis dizer e os dois se enfiaram lá dentro.

A primeira sequencia de três fotos foram do primeiro beijo que eles trocaram lá dentro. Já a segunda, eles fizeram brincadeiras de careta. A terceira, eles saíram um pouco mais fofinhos e a quarta era um beijo um pouco mais delicado.

Doze fotos para registrar aquele inicio e que deveriam ser guardadas como um verdadeiro tesouro.

Porque se descobrissem...


Era melhor nem saberem o que poderia acontecer, no caso de descobrirem...
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Capítulo 3 - O preço da tentação  Empty Re: Capítulo 3 - O preço da tentação

Mensagem por Romeo Campanaro Sáb Dez 05, 2015 10:49 am

Como se o destino quisesse aplicar aquela última punição a Antonella, a mulher já estava há quase três dias sem ter a oportunidade de se encontrar com Romeo!

A real vontade da loira era ter voltado para a casa dos Romazzini na mesma madrugada em que a verdade sobre seu filho fora revelada, mas já era tarde demais e Antonella acabou se “distraindo” com Benito. No dia seguinte, Romeo estava de folga e passou todo o tempo fora da casa do patrão. E agora, logo quando acordou, Antonella recebeu a triste notícia que Isadora já havia saído para a faculdade e que o segurança passaria o dia fora com a menina.

Antonella já estava mergulhada num estado deprimente quando Lorenzo avisou que Isadora havia perdido tempo no trânsito e que voltaria para almoçar com a tia. Por mais que amasse a sobrinha, foi o retorno de Romeo que fez Antonella abrir um enorme sorriso naquela manhã.

Na sala da mansão Romazzini, a mulher andava de um lado para o outro como um animal enjaulado. Quando escutou os portões sendo abertos e o ronco do motor do carro, o coração de Antonella falhou uma batida antes de iniciar batimentos acelerados.

Isadora ainda estava saindo do veículo quando Antonella abriu as portas e desceu na direção do carro estacionado no pátio da mansão. Por mais que todas as suas células clamassem por Romeo, a mulher respirou fundo e tentou manter um comportamento normal. Isso exigia que ela desse atenção primeiro à sobrinha.

- Isa! Que bom que voltou! Quer dizer, fico triste que tenha perdido a aula, mas será ótimo ter companhia para o almoço.

Os braços de Antonella puxaram a sobrinha para um abraço rápido. Mesmo tendo a mente nebulosa de emoção por finalmente poder ver o filho, a loira não deixou que aquele detalhe lhe escapasse?

- Blusa nova?

Sim, Antonella conhecia todo o guarda-roupas de Isadora principalmente porque adorava comprar coisas novas para a garota.

- E sacolas de compras? – Antonella espiou o interior do carro – O que houve? Você não é disso!

- Houve um acidente, signora. Ela prendeu a blusa antiga na maçaneta interna do carro e desfiou o tecido. – Romeo parecia ter a capacidade de pensar em tudo.

- Sim. – Isadora forçou um sorrisinho, longe de mentir tão bem quanto o segurança – Era uma das minhas blusas preferidas, então fui ao shopping e comprei três do mesmo modelo.

Normalmente, Antonella teria notado algo estranho naquele exato momento. Mas a voz grave e gostosa de Romeo sugou toda a atenção da mulher e não permitiu que sua mente tão aguçada analisasse o estranhamento daquela situação.

Quando fitou o filho, que tirava mais algumas sacolas do porta-malas, Antonella se julgou tola por nunca ter reparado em como Romeo se parecia com os Agostini e também como os Romazzini. O segurança era uma mistura perfeita das duas famílias.

Tal como Benito fora na juventude, Romeo era alto, tinha um corpo bem cuidado e traços bonitos. Seu rosto era anguloso como o do pai, os cabelos tinham o mesmo tom de castanho. Mas foi o sorriso que desconcertou Antonella. Como ela não tinha reparado antes que Romeo tinha a boca idêntica a de Benito???

Da família da mãe, Romeo tinha herdado os fios grossos e os cachos dos cabelos. O formato dos olhos do rapaz era meio amendoado, como os de Antonella. A cor dos olhos era uma mistura interessante das duas famílias. Os Romazzini eram conhecidos pelos olhos profundamente azuis. Os Agostini tinham, em sua maioria, olhos em tons escuros de castanho e preto. As íris azuis escuras de Romeo mostravam que seus olhos tinham recebido a influência dos dois genes.

- Romeo...

Inconscientemente, Antonella murmurou o nome do rapaz. Por mais que tentasse se segurar, a loira não conseguiu evitar de andar até o segurança e passar os braços pelo pescoço dele, puxando-o para um abraço apertado.

Existia o costume de tratar os funcionários como membros da família, mas aquele gesto fora demais até mesmo para os padrões dos mafiosos.

Por cima dos ombros de Antonella, Romeo encarou Isadora com uma expressão confusa enquanto a loira o agarrava como se não o visse há anos. Os olhos da mulher se fecharam numa tentativa de conter as lágrimas e ela aproveitou cada milésimo de segundo daquele abraço. Era a primeira vez em toda a vida que Antonella tocava no fruto de seu amor por um Agostini.

- Signora? – Romeo se viu obrigado a chamar por ela quando o abraço se prolongou mais do que o tempo que seria considerado “normal” – Está tudo bem?

- Sim, sim...

Com muito esforço, Antonella respirou fundo e conseguiu se afastar do segurança. Ela se manteve próxima o bastante para tocar delicadamente no rosto bonito de Romeo. As palavras saíram murmuradas e, por mais que se esforçasse, Antonella não conseguia esconder o brilho que iluminava seus olhos profundamente azuis.

- Eu estava preocupada com você, é só isso. Na última vez que o vi, estava tão abatido! Já se recuperou daquele mal estar, Romeo?

- Sim, eu estou bem. Foi só uma bobagem. Acho que o molho da carne tinha um pouco de amendoim.

- Você também é alérgico???

- Sou. Isadora me contou que a signora também não se dá bem com amendoim. Que coincidência, não?

Antonella não conseguiu responder verbalmente. Seus olhos se iluminaram ainda mais e a mulher apenas moveu a cabeça afirmativamente. Seu inconsciente a fizera gostar de Romeo desde o primeiro momento. Agora cada detalhe contribuía para que ela se apaixonasse ainda mais pelo filho.

- O almoço já está quase pronto, vamos entrar?

Ao fazer a pergunta, Antonella olhou para os dois jovens. Uma das sobrancelhas de Romeo se ergueu e ele indicou o carro, parecendo sem jeito com toda aquela atenção recebida da mulher.

- Eu preciso guardar o carro e fazer uma ligação para o signor. Vou almoçar mais tarde, mas agradeço, signora.

A única coisa que o segurança conseguia pensar era que Antonella era o tipo de madame que gostava de se aventurar com motoristas e seguranças da família. Por mais que concordasse que Antonella era uma mulher muito bonita e que ela tinha formas bem mais interessantes que as de muitas mocinhas, Romeo não se sentia nem meramente tentado a embarcar naquela aventura.

Campanaro normalmente olharia duas vezes se uma mulher como Antonella passasse por ele na rua. Mas com a irmã de Lorenzo era diferente. Inconscientemente, Romeo achava absurda a ideia de enxergá-la como mulher.
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Capítulo 3 - O preço da tentação  Empty Re: Capítulo 3 - O preço da tentação

Mensagem por Isadora Romazzini Sáb Dez 05, 2015 2:06 pm

Isadora estava um pouco tensa quando chegou em casa. Sabia que tia Antonella estaria ali, afinal, o combinado foi que elas almoçariam juntas. Portanto, havia um certo receio na jovem que a tia percebesse o inchaço maior em seus lábios, o brilho em seus olhos e a felicidade que desenhava cada centímetro de seu rosto.

No caminho de volta, Isadora foi na frente com Romeo e chegou a trocar mais alguma sequência de beijos com o jovem segurança. No meio do caminho, eles pararam e ela trocou de lugar, ficando no banco de trás e tentando se ajeitar da melhor forma possível. Retocou o batom e tentou suavizar um pouco as bochechas coradas. Romeo trocava alguns olhares com ela pelo espelho e os dois sorriam de modo cumplice.

Havia um inegável prazer em constatar que Isadora estava, de fato, envolvida pelo momento. A jovem podia ser geniosa, orgulhosa, mas não era uma artista ou mentirosa. Não havia como negar o que ela estava sentindo naquele momento.

O carro contornou o bonito canteiro central em frente à mansão quando Antonella surgiu na porta. Isadora arqueou uma das sobrancelhas, um tanto surpresa pela velocidade com que a tia saiu de casa.

Será que ela tinha demorado tanto assim? Aconteceu alguma coisa?

Chegou até mesmo a dar uma rápida olhada no iphone, procurando por mensagens, mas não havia nada que pudesse chamar a atenção dela. Definitivamente, a tia tinha descido rápido demais por algum motivo imediato, que tinha acontecido ainda a pouco.

Isa saiu do carro e a cumprimentou da mesma forma de sempre. Tentava soar natural, mesmo que o coração dela estivesse um pouco mais acelerado.

Tudo estava bem, até que Antonella sussurrou o nome de Romeo.

Foi uma reação impossível de controlar. Isadora virou-se na direção do abraço que os dois trocaram e franziu as sobrancelhas, fazendo uma suave carranca de desgosto. O que estava acontecendo ali?!

Sabia que a tia era uma viúva respeitável e que todos os relacionamentos posteriores foram discretos e eventuais. Nunca mais assumiu nenhum namoro, tampouco agiu de forma indecorosa. Como ela podia imaginar que ela fosse demonstrar tanto para Romeo, ainda mais na cara dela?

Pior que Isadora não havia gostado nem um pouco e simplesmente não sabia como controlar a crescente revolta que tomava forma dentro de si.

Não prestou atenção em todo o teor da conversa, mas quando Romeo a dispensou, Isadora pigarreou.

- Vamos, tia? Eu posso garantir à senhora que o Romeo está bem.

- É mesmo? – Antonella virou-se para Isadora por um segundo.

- Sim, ele aguentou muito bem a jornada pelo shopping e lojas esta manhã. Romeo, eu estarei pronta às 15h, como o combinado. A sala já está reservada.

- Onde vocês vão?

Isadora trincou os dentes e olhou para a tia.

- Treino de tiro, ordens do papai. Vou até o stand de tiro com Romeo, primeira aula.

- Entendi. Será que poderiam me dar uma carona? É caminho para o stand...

- Claro, onde?

- Para meu apartamento. Hoje dormirei lá.

Isadora tombou um pouco a cabeça quando a tia disse isso.

- A senhora ainda está brigada com o papà?

- Não, não...-  Antonella umedeceu os lábios e passou a mão pela nuca, antes de continuar. - É só porque preciso colocar alguns arquivos em ordem e gosto de fazer isso em casa. Além disso, seu papà não precisará de mim hoje, já resolvi todas as pendencias que ele pediu.

Isadora fez um bico no canto dos lábios, mas meneou positivamente.

- Entendi. Tudo bem...15h, Romeo...

Isadora o encarou uma última vez antes que seguisse para o interior da mansão com sua tia. A loira olhou uma última vez para Romeo também e aproveitou que Isadora foi até o quarto para guardar as bolsas e mandou uma mensagem para Benito.

“Mal consegui me conter quando vi o nosso bambino! Céus, eu mal consigo ficar de pé!
Ele vai me dar uma carona até o meu apartamento hoje. Preciso resolver algumas pendencias, mas também posso preparar um jantar especial para nós dois, se você puder ir. Você está com a chave, coloque o carro na garagem.
Com amor,
A.”


Guardou o celular antes que Isadora chegasse. E quando elas estavam sentadas à mesa para o almoço, Pietro também chegou. Ele estava de banho tomado e perfumado.

- Hm! Você almoçando com a gente? E perfumado desse jeito?

- Eu fui jogar uma partida de tênis. Ganhei, tomei banho, me perfumei como sempre e pensei ‘por que não almoçar em casa?”

- Você está sem dinheiro... – Isadora resmungou enquanto mordia o aspargo.

Pietro cerrou um pouco os olhos.

- Você é muito fria, gordinha. Eu estou aqui, compartilhando um momento em família e você acha que é porque estou sem dinheiro?!

- Acho.

- Acertou.

Pietro deu de ombros. Antonella deu uma risada baixa e Isadora meneou negativamente.

- Droga. Eu tô meio ferrado mesmo.

- Claro que está, Pietro. Você bateu de frente com o seu pai. – Antonella comentou. – Foi ousado, mas será que foi sábio?

- Acho que sim, tia. Papà gosta muito de falar que eu não lido com as consequências, que não sou responsável. Pois eu achei algo que sou bom. Quero provar isso para ele e pra mim, também.

- Mas podia ter conseguido isso com a ajuda dele, não brigando com ele.

- E continuar ouvindo que eu só consegui porque ele me ajudou? Não. Eu faço sozinho...

Antonella o observou por alguns segundos e sorriu de novo.

- Sabia que você é o mais parecido com o Lorenzo?

Isadora e Pietro pararam de comer e a encararam.

- Não fisicamente. Mas o temperamento...Eu lembro quando Lorenzo brigava com o papà. Ele era bastante inconsequente, acredite. Ele só parou porque...

Todos sabiam daquela resposta.

- Porque se apaixonou pela mamãe...- Isadora murmurou a resposta.

Antonella meneou positivamente.

- Sim. O Enzo tem o temperamento calmo e equilibrado dela, mas é um clone de Lorenzo, fisicamente falando. Já você, é uma mistura física dos dois, mas tem o mesmo gênio de seu pai. Talvez por isso vocês briguem tanto. Vocês se reconhecem.

A conversa estava um pouco sentimental demais e todos sabiam que isso não durava na presença de Pietro. Isadora logo voltou o olhar para o irmão.

- E a senhora está dizendo que só terei jeito quando me apaixonar? – Ele arqueou uma das sobrancelhas, observando enquanto a tia bebia um gole de seu vinho.

- Talvez...

- Nunca, tia. Esse coração é livre, sem amarras ou donas. Eu sou apaixonado por todas e...nenhuma. Esse fato e a morte são as duas verdades universais.

- Aposto que está errado, mas eu adoro dizer “eu te disse”.

Pietro passou a língua pelos dentes superiores quando ouviu essa provocação da tia e olhou para a irmã.

- Antes ou depois da Isadora ganhar um namorado?

Isadora arregalou os olhos e o encarou revoltada, por conta daquela injustiça. O que ela tinha a ver com aquela discussão?! Antonella a encarou e deu de ombros.

- Não sei. Mas que você vai, vai...

- Sei... – Pietro deu uma risadinha cretina. – O que vão fazer hoje?

- Eu vou para meu apartamento e Isadora vai para o stand de tiro com o Romeo.

Isadora já estava encarando Pietro fixamente quando o sorriso dele foi surgindo lentamente. Ela praticamente dizia “não, não, não!”. Mas Pietro respirou fundo e perguntou.

- Posso ir também, gordinha?

Antonella voltou o olhar para Isadora. Ela estava bastante seria, mas logo deu um sorriso para Pietro.

- Claro que pode, peste...Por que não poderia?

- Ótimo! Não sei porque papà pediu para o Romeo te ensinar. Eu poderia te ensinar muito bem.

- Não melhor do que o Romeo.

Isadora respondeu antes de pensar. Antonella arqueou uma das sobrancelhas e Pietro teve que se controlar um pouco mais.

- Certo, certo...Veremos.

E com esse golpe baixo, Pietro tinha conseguido entrar como vela do “encontro” dos dois. Pelo menos Isadora tinha o consolo de ter se divertido bastante no shopping. Porque a tarde não seria tão divertida, ainda mais com a presença de Pietro para importuná-la.
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Capítulo 3 - O preço da tentação  Empty Re: Capítulo 3 - O preço da tentação

Mensagem por Romeo Campanaro Sáb Dez 05, 2015 4:19 pm

No horário marcado, todos estavam devidamente prontos para sair. Como estava em uma situação econômica bastante complicada por causa da compra da casa noturna, Pietro decidiu deixar o próprio carro de lado para poupar gasolina. Ele ainda estava disposto a importunar a irmã naquela tarde, mas iria de carona na Mercedes dirigida por Romeo.

O segurança não estava nada satisfeito com tantos intrusos. A ideia era passar a tarde apenas com Isadora. É claro que ele ensinaria a garota algumas noções de armas e tiros, mas também aproveitaria aquelas horas para sentir novamente o gosto dos lábios dela e a textura incomparável de sua pele.

Mas agora Pietro e Antonella estavam ali, atrapalhando o que tinha tudo para ser um encontro perfeito. O rapaz foi o primeiro a entrar no carro e ocupou um assento no banco traseiro. Antes que Isadora pudesse se mexer, a loira deu alguns passos e tocou a maçaneta da porta dianteira.

- Como serei a primeira a sair, eu vou na frente. Ficaremos muito apertados os três lá atrás.

Sem muitas escolhas, Isadora se viu obrigada a se sentar ao lado do irmão, atrás do banco do motorista, enquanto Antonella ocupava o desejado lugar bem ao lado de Romeo.

Com tantas testemunhas, Campanaro sabia que era arriscado demais até usar o espelho central do veículo para observar Isadora. Definitivamente, o programa daquela tarde fora irremediavelmente estragado.

Enquanto dirigia na direção do luxuoso apartamento de Antonella, Romeo novamente se surpreendeu com o olhar insistente da mulher. A loira bem que tentava se segurar, mas era emocionante demais pensar que estava ao lado do seu bebê. Os dedos de Antonella formigavam com a vontade de tocar no filho, enchê-lo de beijos e de explicações sobre os motivos pelos quais ele crescera longe dela.

- Eu tinha que vir, gordinha. – Pietro cutucou a irmã, provocando-a – Não achei que viveria para ver você, logo você, atirando! Só vou acreditar vendo com meus próprios olhos! Será uma catástrofe, aposto!

Aproveitando-se que os dois sobrinhos pareciam distraídos no banco traseiro, Antonella cedeu ao sufocante desejo de encostar em Romeo. Quando o carro parou num semáforo fechado e o segurança apoiou a mão no câmbio de marchas, a loira levou os dedos até ele. Antonella só se deu conta de que a carícia poderia ser mal interpretada quando os olhos azuis escuros se arregalaram e a encararam com algum espanto.

- Desculpe... – Antonella se obrigou a afastar a mão e adquiriu um semblante mais sério – Não me entenda mal. Eu só estava preocupada com você depois do susto daquele jantar.

As palavras saíram sussurradas de maneira discreta. Romeo manteve um semblante desconfortável, mas não fez comentários. Antonella era o tipo de mulher que ele não dispensaria no passado, mas a situação era diferente agora.

Além de sua delicada situação na casa dos Romazzini, Campanaro estava a cada dia mais envolvido com Isadora. Isso sem mencionar que um relacionamento com Antonella fazia com que o estômago de Romeo se embrulhasse. Ela era linda, madura, com um belo corpo... Mas era como se o inconsciente do rapaz soubesse que era errado. Muito errado.

- Chegamos.

Romeo só tomou a palavra quando estacionou diante do prédio da loira. Num gesto cavalheiresco que teria com qualquer dama, o segurança saiu do carro, contornou o veículo e abriu a porta, oferecendo a mão para ajudar Antonella a descer.

No banco traseiro, Pietro implicou ainda mais ao notar que a irmã estava incomodada. A voz dele soou num sussurro divertido.

- O que é isso? A titia quer terminar de criar o Romeo? Está se candidatando ao cargo de Julieta?
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Capítulo 3 - O preço da tentação  Empty Re: Capítulo 3 - O preço da tentação

Mensagem por Isadora Romazzini Sáb Dez 05, 2015 7:21 pm

Romeo não era o único irritadiço com aquela situação. Isadora também estava com uma expressão um pouco mais séria, de poucos amigos. A roupa escolhida foi bastante simples, já que não poderia chamar a atenção dele como gostaria: usava uma calça comprida preta e uma bata bege. O cabelo estava preso num coque feito de qualquer jeito e os pés eram protegidos por botas pretas de cano médio, por cima da calça. Não era uma roupa feia, mas ela estava desleixada se comparado ao gosto que ela tinha.

Fez um bico quando a tia quis ir na frente e sentou-se atrás, com Pietro. Eles já se estranharam na implicância, começando a se empurrar de leve até que Pietro fez cocegas na barriga dela e levou um tapão.


Eles não viram o clima pesado entre Romeo e Antonella, mas quando os dois saíram do carro, Pietro não perdeu a oportunidade de alfinetá-la.

- Tenha mais respeito com a tia Ella, Pietro!

Isadora disse num tom bastante sério para o irmão. Até mesmo ele ficou quieto, dando de ombros.

- Mas não diga que não está achando estranho.

- Não interessa, Pietro. Tenha respeito.

Virou a cara e quando Romeo retornou para o carro, ele também parecia tenso, mas um pouco mais aliviado pelo clima ter dissipado.

Antonella caminhou até o apartamento, olhando para trás apenas quando o carro começou a partir. Ela sabia que estava ultrapassando os limites, mas não sabia como lidar com aquela situação! Era demais para sua cabeça e para seu coração de mãe.

Não sabia por quanto tempo conseguiria se conter. Até porque, era extremamente desconfortável passar esse tipo de impressão para o próprio filho! Mas como evitar? Ela estava encantada por seu bambino. E nunca antes em sua vida ela tivera a oportunidade de segurá-lo ou admirar seu rosto.

Como toda italiana de paixões intensas, Ella chegou chorando em seu apartamento. O trabalho parecia sem nenhuma importância agora e, no fim das contas, ela precisava mesmo era de uma boa garrafa de vinho, musica e a famosa cozinhaterapia.

Os filhos falecidos dela a observavam com sorrisos carinhosos e sinceros.

Eles eram a prova que Antonella tinha sido uma boa mãe. Mas algumas coisas simplesmente estavam acima de seu alcance. A vida tinha punido a mulher de uma forma bastante severa por conta de seus pecados juvenis. E, mesmo assim, ela parecia disposta a pagar o preço de novo, afinal, estava se arriscando com o mesmo homem de quase 30 anos atrás.

Mas a verdade era que Ella já tinha perdido tanto que estava disposta a enfrentar os desafios de novo.

Já no carro, o silencio perdurou por poucos metros, até que Pietro começou a falar da noite anterior.

- Precisamos sair mais vezes, Romeo! Quando vai dar folga pra ele de novo, gordinha?

- Semana que vem, Pietro. Não é como se o Romeo fosse meu escravo!

- Aahahaha...Mas você se comportar como uma Sinhá mesmo.

- Oras, cale-se, seu insolente! Você deveria cuidar mais dos seus problemas, viu? Parar com essa vida de bom-vivant e administrar seus negócios direito!

- Por que você é a expert em administração, não é mesmo?

- Eu sei economizar! Ao contrário de você, eu penso no futuro!

- Eu também estou pensando no futuro. Futuro próximo.  – Ignorou a irmã e ficou no meio do banco, tombando o tronco pra frente. – Conheci um dos donos de uma casa muito legal. Uma das gurias daquele dia trabalha lá, se é que me entende. Daí peguei os contatos, tudo, podemos ir!

- Pietro, você está chamando meu segurança para ir a um bordel!?!?

- Quem te ensinou essa palavra, Isa? Quieta! E sim, um homem tem necessidades e não, não é um bordel como você vê nos filmes. É uma casa de prazeres.

Isadora escondeu o rosto com as duas mãos e começou a bater os pés.

- Como se você não soubesse. Ele é um homem solteiro e livre, oras. Mas se não quiser conhecer as garotas de lá, tem outro lugar legal também e...

Isadora virou a cara e meneou negativamente. Pietro deu um sorriso no canto dos lábios e então bateu no ombro de Romeo.

- É sério, amigo. Você está lascado com a gordinha. Ela não sabe disfarçar...

- DISFARÇAR O QUE, PIETRO?

- Se você quiser entrar nesse joguinho, tudo bem... – Dá de ombros. – Você sabe.

- Não sei de nada!!

- O seu segredo está a salvo comigo, irmã.

- Pietro!!!! Insuportável!!!

- Apaixonadinha.


- Cala a boca!!!
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Capítulo 3 - O preço da tentação  Empty Re: Capítulo 3 - O preço da tentação

Mensagem por Romeo Campanaro Dom Dez 06, 2015 6:07 pm

Ao contrário de Isadora, o segurança dos Romazzini identificou a provocação de Pietro logo no começo das insinuações.

Era óbvio que o rapaz tinha notado o clima entre a irmã e Romeo e estava fazendo tudo aquilo para irritar Isadora até o ponto em que a garota acabasse confessando o que para Pietro já estava óbvio: ela estava apaixonada pelo novo segurança.

A única dúvida de Pietro era se Romeo compartilhava daquele sentimento ou se permanecia com o comportamento formal que seu trabalho exigia mesmo diante de tamanha tentação.

Ao contrário de Isadora, Campanaro manteve um semblante indiferente e não permitiu que Pietro lhe arrancasse aquela resposta com tanta facilidade.

Os dois irmãos Romazzini ainda estavam naquele clima de guerra quando o carro foi estacionado diante de um prédio antigo onde funcionava o stand de tiros. Era um local destinado a treinamentos diversos, mas é claro que Lorenzo reservara todo o prédio para que sua bambina pudesse ficar mais à vontade naquela tarde.

Romeo seguiu na frente dos irmãos e um funcionário os levou até o galpão reservado para Lorenzo Romazzini. Havia um extenso balcão cheio de armas de fogo delimitando uma área que não poderia ser atravessada. Em suportes da parede, estavam os protetores de ouvido necessários para suavizar o impacto sonoro dos disparos.

Enquanto Pietro seguiu direto na direção das armas mais modernas, Romeo pegou um revólver mais simples. Isadora nunca tinha tido contato com nenhum tipo de arma, era melhor que aprendesse lições básicas antes de se aventurar com automáticas.

- Antes de começarmos a...

Romeo foi bruscamente interrompido por um disparo. Os olhos dele se estreitaram e sua cabeça se virou na direção de Pietro.

O filho de Lorenzo abriu um sorrisinho sacana e colocou a arma de volta no balcão. Do outro lado do galpão, um dos manequins havia levado um tiro na barriga, bem abaixo do alvo que ficava no meio do seu peito.

- Foi mal, cunhadinho. Eu não resisti.

- Péssima mira. Talvez você também devesse assistir à aula, Pietro.

- Certo. Mas dispenso as aulas “particulares” que você dá pra gordinha. Quero aprender só a atirar mesmo, até porque o “resto” eu já sei fazer muito bem.

- Antes de começarmos a atirar... – o segurança ignorou a provocação e se virou novamente para Isadora – Você precisa aprender o básico. Este é um revólver calibre 38, o mais comum e uma das armas mais simples. É claro que você terá acesso a pistolas melhores...

- Huuuuum, acesso a pistolas melhores... – Pietro se meteu – Isso é uma aula ou uma propaganda dos seus atributos, Romeo?
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Capítulo 3 - O preço da tentação  Empty Re: Capítulo 3 - O preço da tentação

Mensagem por Isadora Romazzini Dom Dez 06, 2015 7:33 pm

- Pietro! Você está sendo mais do que inconveniente, está sendo ridículo! Ultrapassando os limites até mesmo pra você!


Isadora estava visivelmente irritada e não tinha gostado daquele comentário do irmão. Pietro ergueu as mãos, chegando até mesmo a fazer um biquinho.

- Ok, gordinha. Não precisa ficar tão irritadinha. Continuem a aula, me ignorem.

- Estou tentando.

A garota voltou a atenção para Romeo. Campanaro mostrou-se bastante profissional e começou a dissertar sobre o calibre 38, dando todas as dicas para Isadora. Não era apenas atirar, por atirar, era necessário sentir o peso da arma como uma extensão do próprio corpo. Até mesmo a respiração era importante nessas horas.


Havia uma certa poesia por trás disso, mas Isadora não conseguia compreender como podiam achar tão fácil.

Matar era algo mecânico para alguns.

A aula foi dividida entre teoria, repetições e, finalmente, tiros.

Pietro também se mostrou um pouco mais sério e demonstrou certa aptidão para a coisa. Isadora era instintiva, mas tinha uma mira muito ruim ainda. Fora o ricochete que ela não esperava.

Depois de duas horas gastas no stand de tiro, eles deram a primeira aula por encerrada.

Ela tinha sido proveitosa, de certa forma, mas Romeo e Isadora não estavam satisfeitos com aquela situação. Eles tinham planejado algo bem diferente, envolvendo um pouco mais de contato físico e provocações, entre um tiro e outro. Certamente teria sido uma aula mais interessante para os dois.

Os três retornaram até o carro, mas Pietro estalou a língua no céu da boca.

- Romeo, pode me deixar na casa do Giancarlo, por favor? Eu vou ficar por lá agora à tarde e tento chegar pro jantar, gordinha.

- Tudo bem.

- Tia Ella não vai, né? Talvez eu também não vá. O papà estará mais pré-disposto a pegar no meu pé.

- É. Você que sabe, Pietro.

- Você ainda está brava comigo?

- Estou.

Pietro deu um beijo na bochecha dela.

- Não fique, eu só quero o seu bem, gordinha. E eu já disse que seu segredo está seguro comigo.

Isadora suspirou e meneou positivamente.

- Tá bom.

Pietro não insistiu em provoca-la e quando chegou até o local que ele pediu para ser deixado, despediu-se de Romeo e saiu.

O carro começou a sair de novo e Isadora ainda não tinha se movido no banco de trás. Estava olhando para a janela até que percebeu o olhar de Romeo pelo espelho e deu um sorriso no canto dos lábios.

Bastou uma parada no sinal para que Isadora se livrasse de qualquer formalidade e pulasse para o banco da frente. Virou-se na direção do segurança e roubou um intenso beijo dos lábios dele.

- Eu já estava ficando louca!

- Nem me fale...

- Não, não fale...


Os dois riram e voltaram a se beijar até que começaram a tomar buzinadas porque o sinal estava aberto. Isa suspirou, mas acomodou-se no banco do carona e ficou acariciando o rosto e a nuca de Romeo.
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