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Capítulo 5 - Alianças improváveis

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Mensagem por Isadora Romazzini Dom Jan 03, 2016 7:19 pm

Isadora nem teve tempo de pensar direito enquanto toda aquela cena se desenrolava. Quando achou que tudo estava perdido, Antonella chegou para salvá-los. De todas as pessoas, ela achava que Antonella fosse a primeira a querer revelar tudo aquilo.

Mas claro...Agora o segredo dela também estava ameaçado!

A tia começou aquela discurso e Isadora ainda tentava se controlar enquanto Romeo protagonizava sua saída. Contudo, ela não deixou de reparar na forma como o rapaz falara com Antonella. Sem nenhum tipo de respeito, no mais puro cinismo.

Isadora ainda estava parada, no meio do quarto quando a tia começou a falar.

- Por que você se importa? Acaso não o odeia? Por que se importar com o que ele acha ou deixa de achar de você?

Antonella arregalou os olhos por conta daquela pergunta arredia de Isadora.

- Não adianta fazer essa cena pra mim, também. Você quer me chamar de ingrata? Chame, mas nada é pior do que traidora.

- Como é que é? - A tia franziu as sobrancelhas, dando um passo na direção de Isadora. - O que foi que você disse?

Isadora ergueu a cabeça.

- Eu sei sobre o seu amante. - Disse num tom de asco. - E não é apenas por isso que eu estou te chamando de traidora. Você defende tanto a sua família, mas a trai todos os dias com ele, não é? Quem é você pra falar qualquer coisa sobre o meu relacionamento com Romeo, tia?

Antonella quis gritar que era a mãe de Romeo! Que ele era um espião!! E que estava apenas ali para usar Isadora para alcançar seus objetivos escusos.

- Quem te disse isso, Isadora?

- Você realmente não sabe?

Um sorriso triste apareceu nos lábios dela e ela meneou negativamente.

- Não é como parece ser...

- Não me importa como é, Antonella. O que me importa é que você traiu a todos. Mas não se preocupe, eu não desejo a sua morte, tia. Longe disso. Eu só quero você o mais longe possível de mim e de Romeo. Hoje, eu só não estou gritando e te ofendendo, como você merecia, porque você nos salvou. É minha forma de dizer obrigado. Agora, se me der licença...

- Isadora, você não tem o direito de me condenar sem saber.

- Tia, eu não quero saber. Saia, por favor...

Antonella não tinha mais o que discutir ali. Sua cabeça parecia que ia explodir. Teve uma discussão com Benito também, falando sobre Romeo e Isadora, que queria o filho longe da sobrinha. Benny, por outro lado, não sabia como controlar o filho. E os dois discutiram porque o rapaz tinha aquele gênio terrível.

Eram tantos problemas ao mesmo tempo que Antonella nem percebeu que tinha ido até a ala dos seguranças.

Alguém iria escutá-la.

Quando Romeo abriu a porta, nem teve tempo de fugir do potente tapa que levou no rosto. Aparentemente, as mães são capazes de sempre acertarem golpes críticos em seus filhos.

- Como você se atreve? COMO.VOCÊ.SE.ATREVE?!?!

Ele recuou por conta da tontura e Antonella forçou uma entrada no quarto. Bateu a porta com intensidade.

- Você tem ideia do que você fez, moleque? Você não expos apenas a mim! Você expos o seu amado e querido papà!! Por que, Romeo? Por que??? Que veneno é esse que você tem no sangue que te faz incapaz de me ouvir!?

Antonella usava um tom de voz firma. Não queria mais chorar pelo seu filho.

Porque...no fim das contas, seu bambino morreu quando foi tirado de seus braços.

- Por que você me odeia tanto, Romeo?
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Mensagem por Romeo Campanaro Dom Jan 03, 2016 7:46 pm

O potente tapa fez o rosto de Romeo virar e a pele começou a arder quase que instantaneamente. Os olhos azuis escuros se estreitaram quando Antonella invadiu o quarto, mas o segurança não viu outra alternativa senão fechar a porta. Fazer um escândalo ali só pioraria a situação.

- Vamos por partes.

Apesar do ódio que corroía suas veias, Romeo conseguiu usar uma entonação contida e fria. Ele não pensava em devolver o tapa porque Antonella era uma mulher e, ele gostando ou não, era sua mãe biológica. Mas de uma agressão verbal ela não escaparia naquela noite.

- A culpa foi sua. O que queria que eu fizesse quando a Isadora me colocou contra a parede exigindo saber por que você era contra o nosso relacionamento depois de toda aquela patética cena sentimental no hospital!? Eu precisava dizer alguma coisa. E, no fim das contas, eu não disse nenhuma mentira, Antonella.

Uma das sobrancelhas do rapaz se ergueu antes que ele completasse, com a voz carregada de ironia.

- Com relação ao veneno que eu tenho no sangue, talvez você saiba explicar a origem dele melhor do que eu, não?

Os olhos de Romeo estavam fixos no rosto de Antonella quando ele se permitiu dizer a ela toda a mágoa guardada em seu peito desde a descoberta no hospital.

- Eu não odeio você. O que eu sinto é um puro e absoluto desprezo. Porque você teve coragem de trair a sua família tornando-se amante do seu pior inimigo, mas não teve a mesma coragem para assumir as consequências dos seus erros.

Antes que a loira pudesse argumentar, Romeo a interrompeu bruscamente.

- Não me venha com baboseiras de que fez tudo para salvar a minha vida. É uma desculpa medíocre e que não justifica o fato de você NUNCA ter me procurado durante VINTE E CINCO ANOS. Você deixou de ser uma garota, deixou de ser ameaçada pelos seus pais! Mas nem assim teve a dignidade de me procurar, de saber se eu estava vivo! Então não me venha agora com discursos sentimentais. Eu precisei muito de você, mas não preciso mais. Eu tenho o DIREITO de não querer você na minha vida.

O rapaz não poupou Antonella das suas palavras naquela noite. Se ela estava ali para ouvir verdades, era isso que Romeo daria a ela.

- Use o quanto de ironia quiser, mas a verdade é esta. O meu papà assumiu as suas responsabilidades e me deu em dobro todo o carinho e a proteção que eu precisava. Portanto, eu sempre vou amá-lo de uma maneira que JAMAIS conseguirei amar você.

Os olhos escuros faiscaram antes que Romeo levasse aquela conversa em outra direção.

- Eu não te odeio. Ainda não, Antonella. Mas vou começar a odiar se você me fizer perder a Isadora. Ao contrário do que você pensa, eu não sou um monstro que está usando os sentimentos da sua sobrinha querida. Eu amo a Isa e, quando tudo isso acabar, eu vou lutar para que ela me entenda e me perdoe pelas mentiras que tive que contar.
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Mensagem por Isadora Romazzini Dom Jan 03, 2016 9:18 pm

- Cena patética?! Como você é sórdido, Romeo! Você não tem ideia do inferno que passei quando te vi naquele hospital! Você gostando ou não, você saiu de mim!! Sangue do meu sangue! Eu tinha descoberto que você era o meu bebê e eu não podia suportar a ideia de vê-lo morrer, diante dos meus olhos!!

Antonella falou o mais rápido que pôde, vomitando tudo o que ela queria ter dito a ele, mas nunca tinha oportunidades. Estava tão cansada de levar a culpa sem poder se explicar que não permitiria que Romeo saísse como o dono da razão.

Mas também permitiu que ele falasse e os olhos azuis dela - mesmo que fossem mais claros - tinham a mesma intensidade do rapaz, o mesmo desenho.

Franziu as sobrancelhas, cerrando os olhos.

Ao final do discurso dele, ela ainda estava com a cabeça erguida, encrando-o da mesma forma do inicio.

- Você me culpa por ter me apaixonado pelo seu pai. Foi errado sim, eu só tinha 18 anos e seu pai estava a uma semana do casamento dele. Nós vivemos por 2 anos na clandestinidade, até que veio você. Meu filho.

Ela o encarou da cabeça aos pés.

- Por que você acha que é o filho mais amado dele? Porque você é meu! Porque seu pai me amou e ainda me ama! Você acha um absurdo eu ter traído minha família, mas você está fazendo o mesmo! E pela Isadora, sobrinha da pessoa que você mais despreza nesse mundo. No entanto, chegará o dia que você terá que escolher, Romeo. Entre seu pai e Isadora. E nesse dia, talvez você sinta um pouco da dor que eu senti.

Antonella umedeceu os lábios e meneou negativamente.

- Você pode não acreditar em mim, mas você só está vivo hoje, porque eu vendi minha vida por isso. Porque sua avó me trancou por seis meses, como uma prisioneira, tendo o mesmo tratamento de uma para que você nascesse como uma moeda de troca. Por seis meses, o seu pai achou que eu estivesse morta e eu realmente morri, Romeo. Morri quando ela tirou todas as minhas esperanças de ao menos conhecer o rosto do meu filho.

Nesse momento, Antonella não aguentou conter as lágrimas. Era uma cicatriz que nunca seria curada, de fato. Uma dor que sempre seria presente.

- Se eu não aceitasse os termos dela, você morreria. Até mesmo protegido por seu pai, você tinha uma arma apontada para você. Eu fui obrigada a cortar todos os laços com seu pai, casar com um homem que eu não conhecia e fui mãe de novo. Meus filhos morreram no mesmo acidente que matou a mãe de Isadora. Eu não te procurei pelos seus primeiros 13 anos, porque sua avó ainda era uma ameaça. Eu não te procurei depois porque tive medo...disso.

Ela mostrou Romeo.

- Ela conseguiu o que queria, no fim das contas. Laura Romazzini sempre consegue tudo.

Secou as lágrimas, fungando.

- Quanto à Isadora... - Umedeceu os lábios. - Eu lamento por você, Romeo. Lamento por não poder poupá-lo da dor que sentirá quando ela te olhar com um desprezo ainda maior com que ela olha para o próprio pai. Ela entregou o coração a você e as suas mentiras vão destrui-la. E acredite, as mentiras não duram pra sempre.

Conseguiu se recompor e deu as costas para o rapaz, saindo do quarto dele como quem sobrevive a um bombardeio.

Talvez, naquela noite, ela precisasse de algumas pilulas para dormir.

Certamente não conseguiria sozinha.
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Mensagem por Romeo Campanaro Ter Jan 05, 2016 3:10 pm

O clima não era o mais propício para uma comemoração, mas a família Romazzini não poderia deixar que aquela data passasse em branco. Era o último aniversário que Enzo passaria em casa, como um homem solteiro. O rapaz dispensou festas, mas não conseguiu fugir de um jantar que reuniu boa parte da famiglia.

De fora da família Romazzini, apenas Giulia e os pais da moça foram convidados, já que a ideia era que a comemoração fosse mais simples e íntima. O aniversariante da noite era Enzo, mas ele não pareceu nem um pouco incomodado quando os assuntos sobre o casamento começaram a tomar conta da festa. Enzo não gostava daquele tipo de foco e a verdade era que estava um pouco chateado naquele dia. A reunião da família só parecia reforçar a dor da ausência de Pietro.

Reunidos em torno da longa mesa da sala de jantar, os Romazzini se viram diante de um grande banquete. Felicia sempre se superava quando havia em jogo alguma data especial, e o aniversário de Enzo não foi uma exceção para a cozinheira.

Como de costume, Lorenzo ocupou uma das pontas da mesa e Antero se sentou na outra. Foi notável o esforço de Antero em manter uma conversa mais leve e divertida durante o jantar, mas isso não amenizou a falta que Pietro fazia àquela família. Sem dúvida, os comentários divertidos e as provocações do rapaz balanceavam toda a seriedade dos demais membros daquela máfia.

A mesa estava mergulhada em mais um daqueles incômodos períodos de silêncio quando Felicia serviu a sobremesa. Tal como fizera com todo o restante da refeição, a cozinheira havia caprichado no doce. A torta de chocolate com nozes parecia bastante apetitosa, tanto que Antero se apressou em se servir de um pedaço e levou um tapa no braço.

- AAAAAAW! FELÍCIA!

- É o aniversário do Enzo! Ele vai pegar o primeiro pedaço!

- Eu te disse que não queria um bolo, Felicia.

- Por isso eu fiz uma torta. – Felicia lançou um olhar firme a Enzo – Pare de reclamar e corte logo o primeiro pedaço, garoto!

Como já era esperado, o primeiro pedaço de torta foi dado para Giulia. Os noivos trocaram um beijinho apaixonado enquanto Antero puxava a torta para si e finalmente pegava um generoso pedaço da sobremesa.

- Está passando fome, meu irmão? – Antonella ergueu uma das sobrancelhas – Eu não duvido disso. A sua parte nos lucros mal dá para pagar as duzentas e trinta e quatro pensões das suas ex-mulheres...

- Cuidado para não morder esta língua venenosa, Antonella.

Antes que aquelas provocações pudessem ir adiante, a porta da sala de jantar foi subitamente aberta. Todos os olhos se voltaram para Salvatore, que entrou no cômodo com a sua expressão mais séria.

Sem que o chefe da segurança falasse nada, os homens da família ficaram mais tensos. Desde que o falso mascarado invadira a casa há uma semana e simplesmente sumira sem aparecer em nenhuma câmera, os cuidados com a segurança tinha sido redobrados e Salvatore ficara ainda mais perfeccionista e exagerado com os detalhes.

- Algum problema na casa? – Lorenzo arrastou a cadeira, já pronto para se colocar de pé.

- Na casa não. – os olhos de Salvatore percorreram os demais integrantes da família até pararem novamente em Lorenzo – Talvez o senhor prefira conversar no escritório, Don Lorenzo.

- É mesmo necessário interromper um jantar de família? Qual o assunto, Salvatore?

- Pietro.

A menção ao nome do rapaz fez com que o clima ficasse ainda mais pesado. Enzo sentiu o estômago afundar diante da possibilidade de alguma tragédia ter acontecido ao irmão agora que Pietro não contava mais com a proteção dos Romazzini.

- O que aconteceu? – o aniversariante se colocou de pé, mantendo as mãos apoiadas sobre a mesa como se precisasse daquele apoio para escutar as más notícias – Ele está ferido, está doente, envolveu-se em algum problema???

Como a fidelidade de Salvatore era principalmente dirigida a Lorenzo, o segurança manteve a atenção no Don enquanto esperava por uma resposta. O semblante de Lorenzo estava fechado, mas ele não conseguiria dispensar o segurança sem ouvir o que Salvatore tinha a dizer, até porque parecia ser muito importante. Ir para o escritório também não fazia sentido, visto que certamente Antero, Antonella, Enzo e Isadora fariam questão de segui-lo.

- O que aconteceu, Salvatore? – Lorenzo suspirou – Se você ousa interromper um jantar de família para falar de um estranho, imagino que seja mesmo importante.

- E é, Don Lorenzo. Um dos nossos informantes de confiança acabou de entrar em contato comigo para dizer que, nesta noite, Pietro está inaugurando uma nova casa noturna no Peccole. Pela descrição que me foi feita, é um grande empreendimento.

- Com que dinheiro? – uma das sobrancelhas de Enzo se ergueu – Ele saiu daqui sem levar as próprias roupas! Como conseguiu se reerguer tão rápido!?

- Não me interessa. Não interessa a nenhum de nós! – a voz de Lorenzo soou fria como um bloco de gelo – Não é com o nosso dinheiro, ele não pertence mais à famiglia. Como ousa nos interromper com este assunto tão pouco importante, Salvatore!??

- Desculpe, Don Lorenzo, mas é um assunto de extrema importância e que diz respeito também à segurança da famiglia.

Salvatore fez uma pausa antes de lançar a bomba sobre a mesa de jantar.

- A casa noturna faz parte de uma construção de dois andares, a boate funciona no piso superior. O térreo... – o segurança fez mais uma breve pausa – No térreo funciona um dos cassinos dos Agostini.

- QUEEEE? – Enzo, Antonella e Antero berraram juntos enquanto Lorenzo parecia chocado demais para reagir.

- Uma sociedade. – Salvatore não tirou os olhos do Don – Eu me preocupo em pensar o que Pietro ofereceu aos Agostini em troca deste financiamento, Don Lorenzo.
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Mensagem por Isadora Romazzini Qua Jan 06, 2016 12:26 pm

O silêncio vinha com a potência de um sono naquela sala de jantar. Lorenzo não era conhecido como o poço de serenidade, por isso a expressão dele assustava os membros da família. O Don estava ainda com uma expressão neutra quando se levantou de sua cadeira e ajeitou os botões de seu paletó.

- Salvatore, que horas são?

Era uma pergunta bastante estranha. Todos ficaram se entre-olhando, meio sem entender o que estava acontecendo ali.

- São 22h, Senhor.

- Muito bem. - Lorenzo umedeceu os lábios. - Quero essa casa vazia em quarenta minutos. Todos vocês, incluindo os criados e seus seguranças particulares irão para Cangliari, Sardenha. Salvatore, divida a segurança com equidade e me encontre no estacionamento em dez minutos. Antonella, creio que você conseguirá um vôo para todos, certo? Felicia, não precisa avisar à Anitta que estamos indo para lá, sim? Eu encontrarei vocês em uma semana.

Lorenzo dizia tudo com bastante tranquilidade única enquanto saía da sala de jantar.

- Ah. Nem preciso dizer que está tudo bem. Tenham uma boa noite e façam uma boa viagem.

Sorriu para os presentes e retirou-se.

Todos estavam chocados demais, mas logo Salvatore pigarreou para que as ordens do Don fossem concluídas.

A Casa em Sardenha não era visitada por todos há algum tempo. Era a casa favorita de Chiara e as lembranças doíam muito para que eles conseguissem encarar de uma vez. No entanto, era o último lugar que Pietro ou qualquer Agostini pensaria que eles iriam.

Lorenzo precisava evacuar sua casa enquanto discutia a situação com Agostini.

Ninguém teve chances de perguntar absolutamente nada. Todos os criados e seguranças foram reunidos na sala e divididos. A casa de Palermo continuaria funcionando como sempre, mas boa parte da equipe passaria uma semana em Sardenha. E agora com a situação do misterioso rival à tona, ele queria mais proteção para sua família.

Mesmo com o tempo corrido, Isadora foi até Antonella e perguntou se ela sabia daquilo. Antonella já estava sem paciencia para Romeo e Isadora e não respondeu àquela pergunta ofensiva. Mandou que a menina saísse e cuidasse de suas coisas.

Salvatore encontrou-se com Lorenzo num dos melhores carros dele. O segurança estava tenso, mas ficou surpreso com o destino escolhido.

Lorenzo tinha acabado de desligar o telefone.

- Vamos até o casino Agostini. Meu amigo Benitto está me esperando.

Por um instante, Salvatore achou que o mundo estivesse de cabeça pra baixo.

No entanto, ele estava ali para servir e cumprir ordens. E também para proteger seu amigo Lorenzo, mesmo que fosse dele mesmo. Esperava que ele não deixasse para explodir quando estivesse diante de seu, até então, maior rival.
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Mensagem por Romeo Campanaro Qua Jan 06, 2016 3:38 pm

As cores vibrantes das fachadas iluminavam toda a rua. O Peccole era um bairro tipicamente noturno localizado na área norte de Palermo, e a sua avenida principal era conhecida por suas várias opções de entretenimento. Além de dois dos cassinos dos Agostini, a rua contava com várias casas noturnas, restaurantes famosos e bares diversos, que atraíam os mais variados tipos de clientela.

Como acontecia em todas as noites de sexta-feira, o local estava bastante tumultuado. Simplesmente não havia mais vagas próximas para estacionar os carros, muitos veículos paravam em fila dupla para que seus ocupantes descessem, o que contribuía em muito para o caos no trânsito.

O carro de Lorenzo foi um daqueles que tumultuou ainda mais a circulação no local para que o mafioso pudesse descer, acompanhado de perto por Salvatore. Como os dois não tinham o perfil dos habituais frequentadores da rua, logo suas presenças foram destacadas.

Havia uma grande aglomeração na porta do cassino Agostini, a fila de espera alcançava e dobrava a esquina. Mas o mafioso não precisou esperar nem dois minutos. Tão logo a sua presença foi notada, um dos seguranças da portaria fez um sinal para que Salvatore e Lorenzo ultrapassassem o cordão de isolamento e entrassem por uma porta lateral.

Apesar de lotado, o interior do cassino não estava desconfortavelmente ocupado. Os clientes estavam muito bem distribuídos ao redor das mesas de cartas, arriscavam-se nas roletas ou tentavam uma sorte individual nas máquinas de caça-níquel. Bandejas com bebidas caras circulavam pelo salão e a música que vinha do segundo andar era ligeiramente abafada pelo típico burburinho de conversas e risadas.

Os olhos de Lorenzo só perderam alguns segundos fitando o andar de cima da construção. O salão superior era isolado do cassino por uma escadaria coberta por um suntuoso carpete vermelho. Para os clientes menos sóbrios, havia a grata opção de um elevador mais escondido numa das paredes laterais. A música eletrônica que vinha da boate de Pietro era bem abafada pelas paredes de vidro, o que não inviabilizava as conversas no andar inferior.

Mesmo de longe, era possível notar que a boate possuía uma área ampla. Assim como o cassino, o salão superior estava cheio. As paredes de vidro permitiam que todo o movimento fosse acompanhado do andar inferior e as luzes coloridas da pista de dança eventualmente chegavam até o cassino.

Ao contrário da primeira tentativa de Pietro, aquela boate não parecia condenada ao fracasso. Apesar de lotada, era evidente que a situação estava sob controle e que nenhum tipo de excesso comprometia os lucros daquela noite.

- Por favor, me acompanhem. Don Benito espera pelo senhor.

A elegante moça que guiava Lorenzo e Salvatore indicou uma porta nos fundos do cassino e os guiou por um longo corredor lotado de salas. O burburinho do salão e a música da boate ecoavam distantes quando os três chegaram à última porta, onde ficava localizado o escritório de Benito Agostini.

Como Benito já esperava pelo rival e já fora avisado de sua chegada, a secretária do mafioso apenas abriu a porta e fez um gesto, convidando Romazzini a entrar. Salvatore seguiu o patrão como um cão fiel, o que foi uma sábia decisão, visto que Benito também não estava sozinho naquela noite. Danila e Salvatore se encararam como dois animais selvagens que disputam a mesma presa, mas mantiveram as armas nos bolsos enquanto seus patrões se saudavam.

- Lorenzo.

De pé num canto do escritório, Benito alargou o sorriso e se aproximou do rival. Os dois se cumprimentaram com um abraço demorado, que faria qualquer um duvidar do quanto os dois se odiavam.

- Sente-se. Chegou a minha vez de retribuir toda a atenção que tive no nosso último encontro.

O próprio Agostini serviu uma dose generosa de seu melhor whisky para Lorenzo e empurrou na direção dele uma caixa de charutos importados. Aquele poderia parecer um encontro de velhos amigos se não fosse pelos seguranças firmemente posicionados e prontos para transformar aquela simpática reunião em um banho de sangue.

O dono do cassino sentou-se atrás da mesa, tomou um gole da própria bebida e deu uma longa tragada no charuto. Os olhos escuros fitaram Lorenzo com um misto de curiosidade e divertimento antes que Benito tomasse a palavra.

- Eu imagino qual seja a motivação para esta reunião. Mas, antes que você lance acusações, eu gostaria de reforçar que tomei esta atitude para provar as minhas boas intenções, Lorenzo. Eu te ofereci ajuda. Eu sugeri que erguêssemos uma bandeira branca em prol de um interesse em comum. E está aqui a prova.

O indicador de Benito apontou para o teto, obviamente se referindo à boate que funcionava no piso superior do cassino.

- Eu também tenho filhos que me causam decepções. Aliás, Lorenzo, eu digo com convicção que conheço este sentimento melhor do que você, porque você tem um grande consolo. Seu primogênito é tudo o que um homem como nós dois pode desejar. Eu não tive a sorte de enxergar tão claramente o meu sucessor.

Ao mencionar os filhos, Benito parecia sinceramente chateado. Cecilio era um bom rapaz, mas totalmente despreparado para assumir a máfia. Mariella era o tipo de mulher que nunca soube cuidar da própria mesada, então Benito jamais teve a ilusão de que a filha participasse dos negócios. E Vincenzo era uma tragédia, suas trapalhadas inconsequentes já não eram um segredo nem para os Romazzini. O sucessor ideal, aos olhos de Benito, era o filho bastardo que ele não reconhecera. E isso praticamente inviabilizava o caminho de Romeo.

- E é exatamente por conhecer este sentimento que eu sei que, apesar de toda a mágoa, você não desejaria ver o corpo de seu filho Pietro estendido numa sarjeta. Era o que fatalmente ocorreria se eu decidisse aproveitar esta valiosa oportunidade de atingi-lo. Longe da proteção dos Romazzini, Pietro era como um pequeno filhote doente diante de leões famintos.

Agostini deu mais um gole no whisky antes de continuar seu discurso, sem mudar a entonação suave nem por um minuto.

- Eu não só poupei o rapaz, como decidi ajudá-lo. Seu filho é sonhador e um pouco extravagante com os gastos, mas ele tem boas ideias. Com as orientações pertinentes, estou certo de que o negócio vai deslanchar e o jovem Pietro finalmente vai se encontrar no mundo do entretenimento.

Depois de mais uma tragada, Benito se recostou confortavelmente em sua cadeira acolchoada e soltou a fumaça vagarosamente.

- Pietro não me deu informação alguma sobre os seus negócios ou sobre a sua rotina, Lorenzo. Ao contrário, ele deixou bem claro que a nossa sociedade era um acordo puramente comercial. Tudo o que vou ganhar com esta ajuda é um aluguel generoso e uma pequena participação nos lucros. Ao contrário do que você imagina, isso não faz parte da nossa guerra. Não mesmo. Eu diria até que é um gesto de paz.

Uma das sobrancelhas do mafioso se ergueu.

- Esta trégua será benéfica para nós dois. Mas penso que será uma decisão ainda mais positiva para você, que não terá que lutar mais em duas frentes de batalha no instante em que eu estiver do seu lado. E é exatamente por esta vantagem que eu não concordo com a sua imposição de me expor publicamente. Não é uma atitude inteligente pintar um alvo na testa de um grande aliado, hm? Eu tenho motivos para ajudá-lo, mas assumir tamanho risco torna esta missão improdutiva para os Agostini.

Uma pequena pausa antecedeu o fim do discurso de Benito.

- Eu estou na sua frente, Lorenzo, sacudindo a bandeira branca com insistência. Mas só vou recuar meu exército e me posicionar inteiramente ao seu lado quando enxergar em você esta mesma determinação.
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Capítulo 5 - Alianças improváveis - Página 2 Empty Re: Capítulo 5 - Alianças improváveis

Mensagem por Isadora Romazzini Qua Jan 06, 2016 6:02 pm

Lorenzo estava estranho. Até mesmo Salvatore precisava admitir isso. Era como se Pietro finalmente tinha conseguido dar um golpe mortal em seu pai, de modo que tivesse despertado um monstro ainda desconhecido.

O Don já era uma figura altiva e tinha um andar de imperador. Ninguém ficava em seu caminho. Naquela noite em especial, ele parecia ainda mais impiedoso. Sua aura estava carregada e Salvatore era mero enfeite. O próprio homem já representava um perigo a qualquer pessoa que atravessasse o seu caminho.

A expressão dele não se atenuou quando entrou no ambiente "inimigo". Ele não demonstrou nenhuma reação ao ambiente hostil, excessivamente Agostini. Esperou que fosse guiado até o escritório de seu maior rival. Salvatore pensava em falar alguma coisa com o patrão, mas sempre que se aproximava um centimetro a mais, desconsiderava a ideia e recuava.

Lorenzo parecia não se importar com a decoração do lugar, mesmo que tivesse gastado um bom tempo olhando para o segundo andar, onde o estranho que um dia fora seu filho, o traira.

Aquilo era decepcionante. Repugnante.

Mas não daria esse gosto a Benito. Não dessa vez.

Ao entrar no território inimigo, Lorenzo o cumprimentou com um abraço fraternal, com direito a tapinhas nas costas e tudo.

Sentou-se de modo elegante na cadeira em frente à mesa do mafioso. Aceitou o whisky, mas recusou o charuto. Existia uma disciplina rígida para o fumo e ele apenas o executava no inicio e no fim de cada dia. Nada mais do que isso.

Benito gastou bastante tempo com aquele triunfo sobre Pietro e Lorenzo limitou-se a ouvir.

Ouvir e digerir.

- Terminou?

Sua voz foi educada, mas o olhar dele era bastante frio.

- Porque...Esse rapaz que você fala, apenas serviu de pretexto para que eu viesse mais cedo, mas o que acontece ou deixa de acontecer com ele, não me importa mais.

O tom dele era bastante severo e talvez Agostini se surpreendesse com a forma como ele tratava Pietro.

- Ele não é mais meu filho desde o instante que saiu de minha casa. Mas eu ainda respeito a memória de minha falecida esposa. Se ela estivesse aqui, estaria muito decepcionada com as atitudes do filho, mas uma mãe sempre perdoa e estaria agradecida a você pelo que fez, mesmo que esse garoto tenha traído a família e a memória de seus ancestrais. A única mãe que não perdoaria o filho, seria a minha própria mãe.

Desabotoou um botão do paletó.

- Acho que herdei isso dela. - Ponderou. - De toda forma, você não precisa mentir pra mim, Benito. Você recolheu esse rapaz para me afrontar. E em nome de minha esposa, eu agradeço. Mas em nome da Famiglia De Lucca, eu vos digo que é uma perda de tempo. Pietro é uma peça que só lhe trará gastos e desgostos, exatamente como fez com minha família. Além de ser um péssimo informante. Parabéns.

Será que Lorenzo era realmente sincero quando dizia que não se importava com a saúde e o bem-estar do filho? Ele estava sério, frio, extremamente irritado com alguma coisa, mas seria mesmo com Pietro?

- Quanto à nossa aliança...

Ele deu um sorriso no canto dos lábios.

- Acredito que você não tenha outra opção, Benito. - Ele se mexeu, mas antes que Danila se movesse, ele falou. - Eu trouxe algo para você. Posso?

E assim que fosse permitido, ele tiraria um pen-drive de seu bolso e entregaria a Benito.

- Você já é um alvo, Benito. Passei os últimos dias trabalhando com meus funcionarios especializados em T.I e conseguimos chegar até uma das máquinas. Através da balistica do projetil e residuos encontrados em Romeo, meu segurança, e meu carro, chegamos até a arma, o comprador, enfim...Você sabe como funciona. Mas esses jovens não vieram para brincadeiras e estão ficando muito mais difíceis de rastrear. Mas conseguimos chegar até mesmo aos computadores.

Umedeceu os lábios.

- Também chegamos até aos atiradores, para uma entrevista, mas eles arrancaram um dente falso e se mataram. Os meus laboratórios estão tentando filtrar o veneno que eles usaram para chegar a uma resposta. O fato, meu caro Benito é que você chamou a atenção deles. Nesse pendrive, estão os perfis de todas as pessoas de sua família e alguns dos seus funcionários. Contatos, Associados, empreendimentos.

Suspirou.

- Ele deve ter isso e muito mais sobre mim, mas eles estão investigando a sua vida. Você deve sorte por eu ter conseguido interceptar isso antes que enviassem, mas eles vão começar de novo até terem toda sua vida nas mãos deles. Acredito que estivessem coletando dados ainda.

Lorenzo terminou o seu whisky, depositando o copo na mesa.

- No entanto, se eles estavam pesquisando é porque já sabem sobre você. Portanto, a nossa aliança é inevitável e torná-la pública é apenas uma questão formal. Porque eles provavelmente já sabem que temos conversado, pelo menos.
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Capítulo 5 - Alianças improváveis - Página 2 Empty Re: Capítulo 5 - Alianças improváveis

Mensagem por Romeo Campanaro Qua Jan 06, 2016 7:02 pm

No fundo, bem no fundo, Benito não tinha a ilusão de que a sua famiglia estava totalmente livre da organização que ameaçava destruir os Romazzini. Não fazia o menor sentido pensar que os criminosos que atacavam Lorenzo ficariam satisfeitos em ter o controle de metade da cidade quando havia a possibilidade de derrubarem também os Agostini para dominarem toda Palermo.

Por isso, Benito não precisava conferir o conteúdo do pendrive para acreditar que Lorenzo estava falando a verdade. E era uma enorme sorte que Romeo fosse um segredo muito bem guardado, isso certamente poupara a vida do rapaz. Bem como a de Antonella.

- Eu realmente acho que tornar pública a nossa união só atrairá mais a atenção para nós dois. Mas vejo que você não pretende reconsiderar esta exigência. Reconheço este tipo de teimosia porque sofro do mesmo mal.

Como pretendia conferir detalhadamente todas as informações gravadas no pendrive, Benito guardou o objeto cuidadosamente em sua gaveta antes de voltar os olhos novamente para Lorenzo.

- Está certo. Aceito os seus termos, Lorenzo. Embora não saibamos ao certo com quem estamos lidando, já ficou muito claro que não venceremos um inimigo deste porte lutando em diferentes frentes de batalha.

- Uma trégua, então? – Lorenzo encarou o rival com seriedade e estendeu a mão para formalizar aquele acordo – Posso confiar em você, ao menos pelo tempo de duração desta aliança?

- Sim. E espero a mesma honestidade por parte dos Romazzini.

- A minha palavra é o que tenho de maior valor, Benito.

Diante dos olhares absolutamente surpresos de seus respectivos chefes de segurança, Benito Agostini e Lorenzo Romazzini apertaram as mãos e confirmaram a aliança que selava a paz e a união das duas máfias rivais que costumavam banhar as ruas de Palermo com sangue. Eles lutariam lado a lado agora. Ao menos, provisoriamente.

A maior prova de que Benito pretendia cumprir a sua palavra veio quando o mafioso virou o rosto na direção de Danila. O chefe dos seguranças já esperava por aquela instrução quando ouviu a voz calma do mafioso.

- Coloque um fim na nossa missão Romazzini, Danila. Agora.

O segurança acenou com a cabeça antes de sacar o celular e sair do escritório. Lorenzo lançou um olhar confuso a Benito e o dono do cassino deu de ombros depois de tragar o charuto mais uma vez.

- Como eu disse, Lorenzo... Eu só esperava pelo seu posicionamento para recuar o meu exército. Agora que estamos juntos, eu vou honrar a fidelidade firmada pela nossa aliança.

- No que consiste a sua “missão Romazzini”, Benito? – os olhos de Lorenzo estavam tão estreitados que se transformaram em dois riscos.

- Tenho um informante infiltrado na sua famiglia... – Benito fez uma pausa e só completou depois que Danila retornou ao escritório e fez um gesto indicando que estava tudo resolvido – Eu acabei de ordenar que ele recue. A missão Romazzini chegou ao fim, e eu sou sincero quando digo que estou profundamente feliz por isso.

- Quem? – Salvatore não conseguiu se conter, furioso ao imaginar que fora enganado por alguém – Algum funcionário da empresa, eu aposto!

Um sorrisinho debochado surgiu nos lábios de Benito enquanto o homem novamente se recostava em sua cadeira. Salvatore certamente encararia aquilo como o pior erro de toda a sua vida. Um espião ficara sob o seu nariz por meses e ele sequer desconfiara.

Quando olhou do segurança para Lorenzo, Agostini voltou a adquirir um ar mais sério. Não era a hora de tripudiar, afinal.

- Temos um pacto agora. Um pacto de não agressão, Lorenzo. Com o nosso acordo, nós nos comprometemos a não atacar nossas respectivas famiglias. Da mesma forma como poupei o seu filho, espero que você poupe o meu. Se você ousar fazer algo contra ele, nosso acordo não só estará desfeito como te dou a minha palavra de que farei com que se arrependa de ter nascido. Destruirei tudo o que você tem de valor antes de apontar uma arma para você.

- Seu filho? – novamente foi Salvatore quem se meteu – Eu conheço os dois e garanto que nenhum deles se aproximou dos Romazzini.

- Você não conhece o terceiro, Salvatore. Ou melhor, agora você o conhece bem o meu melhor tropeço. Que também atende pelo nome de Romeo Campanaro.

(...)

- QUE MERDA, CECI! O que aconteceu???

Romeo explodiu tão logo entrou no carro. Cecilio enfiou o pé no acelerador e, em poucos segundos, a Ferrari sumiu de vista pelas ruas de Palermo. A mensagem enviada por Danila tinha sido clara: “Finite”. Era o código combinado entre os Agostini para colocar um fim na missão Romazzini.

- Não sei. Papà está trancado num escritório com Don Lorenzo. Imagino que, a esta altura, o Romazzini já saiba de tudo.

O filho bastardo de Benito acertou o painel do carro com um soco, completamente fora de si. Romeo gostava de ter o controle da situação e Benito acabara de virar seu mundo de pernas para o ar. O rapaz estava colocando sua bagagem no carro para partir com a família Romazzini para Saracusa quando seu celular vibrou com a mensagem de Danila. O recado era claro, Romeo tinha que recuar naquele instante. O “Finite” era um sinal de que não havia tempo a ser perdido.

- Ele não podia ter feito isso comigo! Não assim! Ele me obrigou a fugir sem falar com ninguém!

- Não há nada a ser dito, Romeo. Acabou. E você tem sorte de ter saído vivo desta loucura, sabia? Vincenzo encabeçava a torcida para que, quando a bomba explodisse, você não tivesse tempo para escapar.

- Por mim, que Vincenzo morra engasgado no próprio veneno.

A cabeça de Romeo explodia quando ele se encostou no banco do carro, completamente inconsolável.

Quanto tempo Isadora demoraria para perceber que o segurança não estava mais na mansão Romazzini? O que ela pensaria diante da “fuga” dele? Quanto tempo a garota demoraria até saber a verdade sobre o “namorado”?

Tudo o que Campanaro queria era ter tido dois minutos para se despedir de Isadora antes de fugir da casa às pressas. Mas o “Finite” colocava um fim imediato na missão Romazzini. E talvez também no único amor que Romeo já sentira por uma mulher.
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Capítulo 5 - Alianças improváveis - Página 2 Empty Re: Capítulo 5 - Alianças improváveis

Mensagem por Isadora Romazzini Sex Jan 08, 2016 10:46 am

As malas não precisavam ser muito extensas, até por conta do tempo limite que Lorenzo havia dado à familia. Quarenta minutos não dava nem para pensar no que levar, apenas o básico do básico. E todos os envolvidos trabalhavam focados nisso. Até mesmo os criados precisavam focar no que levar e também ajudar os patrões.

As SUVs foram ocupadas com as malas e pessoas. Alguns seguranças já tinham ido na frente, montando o esquema de segurança no jatinho que eles partiriam. Antello estava ali apenas para coordenar, ele já tinha seu próprio voo para Roma.

Isadora deixou sua mala no carro e olhou ao redor por um instante. Antonella também vinha às pressas, com a expressão fechada e meio irritada. Isadora lançou a pergunta enquanto ela chegava, mas direcionada a Enzo.

- Você viu o Romeo?

Enzo a encarou com naturalidade, mesmo estando aflito e com a adrenalina em alta.

- Não sei, Isadora. Será que ele não foi para o aeroporto já?

- Duvido muito. Ele é o meu segurança particular...

Respondeu o óbvio e deu alguns passos para se afastar.

- Onde você vai? Vamos sair em 5 minutos.

- Eu só preciso de 2. Vou até os cômodos dos seguranças.

Não era algo que ela faria tão na cara, em circunstâncias normais. No entanto, era um momento diferente e ela ousou se arriscar. Durante o percurso, tentou ligar para ele, mas o telefone dava desligado ou fora de área. Tinha sido desligado e descartado depois que ele recebera o código, justamente para não deixar rastros.

- Por que ela se importa tanto?

Enzo perguntou para Antonella. A tia observou a sobrinha por alguns instantes. O coração dela estava apertado desde que ela soubera da traição de Pietro. Também se sentia traída por Benito, por ele ter escondido aquela importante informação dela. Não era como se ele contasse sobre os négocios, mas Pietro era seu sobrinho e Benito sabia do apreço que ela sentia pela familia. E, se ele havia feito isso, indicava que Romeo também sabia.

Não gostou nada daquilo e sentia que algo muito ruim estava para acontecer.

- Porque eles são amigos e Romeo era muito colado em Pietro, Enzo. Isadora deve estar preocupada com ele, apenas isso.

Mesmo sendo rejeitada por todos eles, ela jamais faria algo que pudesse prejudicar seu filho. Para outra pessoa, aquela seria a chance de ouro, mas Antonella preferiu abafar o caso. Só esperava que estivesse tudo bem.

Quando Isadora chegou até o quarto de Romeo e o encontrou vazio, ela sentiu um misto de alívio e preocupação. Talvez ele tivesse sido designado a ir para o aeroporto mais cedo, por conta da escala de Salvatore. Mas por que ele não estava atendendo ao telefone?

Não demorou para que ela chegasse até sua família de novo.

- Acho que você tem razão, Enzo. O quarto dele já está vazio.

- Então não se preocupe. Podemos ir?

- Claro.

Antonella deu um sorrisinho de confiança para a sobrinha e logo todos estavam à caminho do aeroporto.

--

O jato particular já estava à espera dos Romazzini. Antello estava se dirigindo ao seu e Enzo guiava a noiva e a irmã até o reservado a eles. Isadora já tinha percebido que Romeo não estava ali e a garganta estava se fechando.

O que tinha acontecido, afinal?!

Antonella tinha percebido o mesmo e estava bastante preocupada com o seu filho. Será que ele tinha sido pego? Ele estava bem? Em segurança?

O celular começou a tocar antes que ela embarcasse. Era Lorenzo.

Lorenzo espumava do outro lado da ligação, sem se lembrar que tinha mandado a família se recolher imediatamente. Ele precisava de alguém para desabafar, mas acima de tudo, precisava matar alguém.

Não podia matar Pietro, nem Benito, nem Romeo!

Estava realmente irritado do outro lado da linha e Antonella mal conseguia respirar. Porque não acreditava que Benito a tivesse traído duas vezes em tão pouco tempo! como pôde ser tão tola em relação ao homem? Como??

- Acalme-se, Lorenzo, por Dio Mio! Estamos quase embarcando para Siracusa. Devemos ir?

- MAIS DO QUE NUNCA! QUERO VOCÊS LONGE DA SICÍLIA NESSA SEMANA! Salvatore, vamos alterar todos os passos da familia, todos os compromissos e, principalmente, vamos procurar por outro imóvel. Aquele verme teve tempo demais aqui dentro! MALDITO SEJA! MALDITO!!

Ouve som de algo se rachando e Salvatore pedia cuidado para Lorenzo.

- LORENZO! Você também deveria vir para Siracusa...Por favor.

- Não vou! Tem uma guerra aqui, Antonella e eu tive que me unir ao maior desgraçado da Sicilia para proteger vocês! E ele já sabia de tudo! Maldita hora que confiei naquele moleque! Eu deixei meu bem mais precioso nas mãos dele! DEVERIA TER MORRIDO NAQUELE TIROTEIO

- CALE-SE!!!

Antonella gritou com o irmão.
As pessoas presentes na pista a olharam meio assustados.

- Como é, Antonella?

- S-Se ele tivesse morrido, provavelmente eu não estaria falando com você agora, fratello. Por favor, fique longe de Palermo e fique conosco em Siracusa. Isadora vai precisar de você, ela acabou de saber do irmão e era muito amiga de Romeo.

Lorenzo respirou fundo.

- Não. Isso foi bom para que ela aprenda que nossa vida é recheada de falsas impressões. Fará com que ela cresça. Quando eu der o sinal, vocês voltam. Provavelmente, dentro de uma ou duas semanas até que eu possa organizar tudo. Na pior das hipoteses, vocês terão Milão.

- Na pior das hipoteses...?

- Antonella, eu vou fazer essa rua sangrar ao longo dessa semana, procurando pelo meu inimigo. Não posso garantir pela minha segurança, mas terei certeza que vocês estão bem.

- Não seja tão dramático, Lorenzo!

- Você acha que eu me juntaria a Benito se não fosse sério?

- Lorenzo...

O queixo dela tremeu.

- Fiquem com Deus.

- Eu te amo, fratello.

- Eu também te amo...

Antonella fungou, completamente desamparada quando desligou o telefone. Enzo se aproximou da tia, tocando o ombro dela.

- Está tudo bem, tia? O que houve?

- Contarei tudo quando estivermos em Siracusa...Entre...

Enzo seguiu as ordens da tia e o celular dela tremeu de novo. Quando olhou e viu o apelido de Benito, ela rejeitou a ligação.

O "finite" não foi dado apenas para a missão Romazzini.

E o pior de tudo era ver que Isadora ainda estava aflita, esperando por Romeo.

Nunca desejou que um vôo demorasse tanto.

Porque assim que chegassem ao destino, ela teria que contar a verdade.
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