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Capítulo 4 - Verdades Ocultas

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Mensagem por Isadora Romazzini Seg Dez 21, 2015 12:07 pm

O clima estava um pouco mais sério quando Isadora chegou em casa. Mal ela colocou o pé e Raoul informou que o pai gostaria de conversar com ela no escritório. As bochechas de Isadora estavam coradas e ela emanava uma felicidade que tinha ficado ausente nos últimos dias. Tudo isso evaporou quando soube do chamado de seu pai.

O pensamento mais óbvio era que tia Ella havia contado sobre o seu envolvimento com Romeo.

Seria decepcionante, mas ela não deixaria de lutar e defender o que acreditava e sentia.

Entrou no escritório com a respiração um pouco mais pesada, mas não encontrou Antonella ali. Outro sinal que a história não tinha nada a ver com Romeo, eram as expressões. Seu pai não estava furioso. Era uma expressão...de pesar.

E ele não era o único ali.

Enzo, Pietro e até mesmo o tio Antello e o primo mais velho, Dante, estavam ali. Isadora arregalou os olhos ao ver todos aqueles homens reunidos. O tio virou-se animadamente para a sobrinha e abriu os braços.

- Bambina mia! Você está tão linda!

- Tio Antello! Quanto tempo!

Os dois se abraçaram carinhosamente. Antello era o irmão gêmeo de Lorenzo, mas eles não podiam ser mais diferentes no estilo e na postura. Dante, seu primo, tinha um olhar bondoso e um sorriso fácil. Não tinha os mesmos olhos azuis, puxando um pouco mais para o verde.

Os dois também se abraçaram e logo Isadora voltou a atenção para seu pai.

- Papà...O que houve?

- Nós precisamos conversar, Isa...Vamos...

Pra onde?

Ela se perguntou, mas todos sabiam exatamente para onde ir. Lorenzo se aproximou de sua pequena, repousando a mão nas costas dela, começando a guia-la até uma parte do escritório que tinha uma senha e levava até a sala privada dos Romazzini.

Nem mesmo os seguranças tinham acesso àquela sala.

Isadora não fazia ideia dos benefícios daquela sala. Era mais do que uma sala de reunião, também era uma espécie de sala do pânico e o lugar mais seguro para fugir com a família, caso tudo desse errado. A saída dava diretamente para a praia que ficava na base da montanha onde a casa ficava. As rotas de fuga eram inúmeras uma vez que chegassem ali, dependeria mesmo da situação.

De todo modo, Isadora soube que havia algo muito sério acontecendo ali.

Cada um tomou suas cadeiras, como se fosse uma espécie de ritual e se sentou logo em seguida, com a permissão de Lorenzo.

- O que está acontecendo aqui, papà?

- Sente-se. Você precisa finalmente entender o que nós fazemos. Era para sua tia estar aqui também, mas ela está com problemas e seu tio teve que abrir espaço na agenda dele.

- É difícil conseguir sumir da capital sem dar muitas explicações. Mas tudo bem famiglia...

Antello respondeu.

- E é da famiglia que vamos falar, Isadora. Você é uma Romazzini e precisa entender porque sempre somos alvos de ataques de todos os tipos. Porque precisamos de constante proteção. Isso é porque...

Lorenzo respirou fundo.

- Somos os De Lucca.

Uma das famílias de mafiosos mais ricas, poderosas e influentes da Italia.

Isadora já recebeu o baque nesse instante. E seu cérebro tentava entender e coordenar como aquelas pessoas que amava tão profundamente puderam esconder esse tipo de coisa dela. Como aquelas pessoas que ela admirava e considerava seus heróis eram fornecedores de armas e drogas, um dos carteis mais perigosos, que alimentava guerra civis e sobrevivia de homicídios.

E quanto mais eles falavam, mais enojada ela ficava.

- Todos, TODOS sabem disso?

O tom de voz de Isadora demonstrou que ela não estava reagindo bem àquela conversa. Pietro parecia entediado, mas ficou preocupado com o tom dela.

- Sim. Todos sabem, porque faz parte do que somos. – Lorenzo explicou com paciência.

- Não do que eu sou.

Disse baixo e então viu que precisava repetir mais alto.

- Não do que EU sou.

- Você não pode agir com a mente fechada assim, Isadora. De onde você acha que vem todos os seus luxos, seu conforto?

- Eu nunca pedi nada disso.

- Mas nunca negou.

- Porque eu não sabia de onde vinha! Como o senhor pode achar que eu vou aceitar isso bem? Vocês tiveram 19 anos para me contar, mas me mantiveram na ignorância! E ainda querem que eu aceite as barbaridades que vocês fazem? Que vocês brincam de Deus?!

- Isadora. Como seu pai, eu permito que você receba o choque. Como Don dessa famiglia, eu exijo que você baixe o tom. Ninguém aqui ousa falar nesse tom comigo e você não será imune, mesmo que seja minha filha.

Isadora cerrou os olhos. O rosto já estava vermelho pele intensidade das coisas que sentia.

- E por que o senhor resolveu falar disso agora, Don Romazzini?

Lorenzo fez o mesmo olhar para Isadora, percebendo que ela tinha usado um tom jocoso para falar com ele, mas havia algo ainda mais importante, no momento.

- Porque temos quase que certeza que a organização que nos atacou há quatro dias, foi a mesma que atacou o iate há 12 anos...

As lágrimas simplesmente rolaram pelo rosto de Isadora.

- E seria importante você ter ciência do perigo maior que estamos correndo, bambina. – Tio Antello tentou amenizar o tom. – você foi a única sobrevivente...

- E se tiver qualquer coisa que você possa nos dizer... – O primo sugeriu.
Isadora rompeu aquela preocupação com uma risada bastante insana. As lágrimas rolavam pelo rosto dela, mas ela ria com aquilo.

- Sim, tio Antello, primo Dante, tem muita coisa que eu posso dizer a vocês... – Ela continuou rindo. – A culpa é toda de vocês.

O sorriso dela simplesmente sumiu quando disse isso.

- Durante anos eu achei que eu poderia ter feito algo para salvar minha mãe, que podíamos ter pulado juntas na água, como eu queria ter pulado antes do navio explodir, mas ela não deixou porque ainda não estávamos no ponto do mergulho. – As lágrimas rolavam como bolinhas perfeitas pelo rosto dela. – Se eu tivesse pulado, mamãe também teria. Mas não, eu fui uma boa menina, eu obedeci...E menos de cinco minutos depois, o iate cheio de mulheres, idosos e crianças explodiu.

Os braços dela estavam arrepiados e ela lançou um olhar rancoroso para o tio.

- Você quer que eu fale porque nenhum dos seus cinco mil filhos estavam lá! Porque nenhuma de suas esposas estavam lá!

- Isa... – Pietro tentou acalmá-la, mas ela puxou o braço.

- Me deixa. Não querem que eu fale?! Isso tudo foi culpa de vocês!!!! Porque todos os dias, VOCÊS TODOS destroem famílias, matam mães e crianças. DO MESMO JEITO COMO A MINHA MÃE MORREU NAQUELE MAR! TENTANDO ME SALVAR!! PORQUE VOCÊS COLOCARAM UM ALVO NA CABEÇA DE TODOS!! E VOCÊS QUEREM QUE EU ME LEMBRE DAQUELAS IMAGENS PORQUE VOCÊS NÃO ESTIVERAM LÁ PARA VIVER O INFERNO QUE EU PASSEI E TENHO PASSADO DURANTE TODOS ESSES ANOS! E AGORA EU DESCUBRO QUE VOCÊS SÃO OS RESPONSAVEIS!!

Pietro tinha se levantado depois que ela deu um tapa na mesa para começar a gritar todas as conclusões que ela tinha chegado. Enzo também tentou se aproximar, mas ela bateu nos dois, se soltando.

- ME LARGUEM! Vocês não toquem mais em mim!

Olhou os próprios irmãos com ódio, o que dava um impacto ainda maior com os olhos vermelhos. A voz rouca depois dos gritos

Lorenzo estava se controlando, em silencio.

Levantou-se de onde estava e se aproximou como um felino de Isadora. Quando ela puxou o ar para gritar com o pai, ela recebeu um poderoso tapa no rosto.

Era quase como um ritual de passagem, na verdade. Todos já tinham apanhado e agora foi a vez dela.

- Nunca mais ouse insinuar que a morte de sua mãe foi minha culpa, Isadora. Nunca mais cometa esse erro.

Isadora estava respirando de modo ofegante e o encarou com os olhos arregalados.

- Esta é a sua famiglia, gostando ou não dela. Você está em débito com o seu tio e o seu primo.

Lorenzo nem parecia a mesma pessoa naquele lugar, falando num tom sempre ameaçador. Isadora foi controlando o ímpeto que tinha de desafiá-lo.

- Exijo desculpas.

- Eu não vou pedir.

- Se eu pedir desculpas por você, sua divida será comigo e você não vai gostar de pagá-la quando eu cobrar. Peça.desculpas.

O queixo dela tremeu, mas voltou o olhar para seu tio e seu primo. Lorenzo a pegou pelo braço e ela sussurrou.

- Eu sinto muito.

- Tudo bem, Isadora. Lorenzo, pare com isso, sim?

E enquanto Lorenzo se controlava, o celular dele apitava informando que Romeo tinha sumido. Ele franziu as sobrancelhas e olhou para Enzo.

- Fique de olho na sua irmã. Algo aconteceu com Romeo.
Porque era melhor que qualquer pessoa, menos ele, cuidasse de Isadora. Ele perderia a racionalidade caso continuasse vendo o desprezo nos olhos de sua filha.

Primo Dante
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Mensagem por Romeo Campanaro Seg Dez 21, 2015 12:59 pm

Em menos de meia hora, havia um exército Romazzini no hospital do qual Campanaro desaparecera. Lorenzo foi pessoalmente à instituição para exigir respostas. Era inadmissível que um paciente simplesmente sumisse do quarto sem deixar rastros.

As fitas de segurança foram vistas e revistas, mas os mafiosos continuaram sem respostas. A porta do quarto de Romeo simplesmente não fora aberta em nenhum momento antes da entrada de Julio. Mas a janela aberta indicava o local por onde o paciente havia saído.

A principal hipótese era um sequestro com a motivação de “terminar o serviço”. Romeo ficara na linha de frente durante a troca de tiros e os agressores poderiam estar com medo que o segurança se lembrasse de algum rosto ou de algum detalhe crucial da cena.

Mas Salvatore não descartava a hipótese de Romeo ter saído sozinho daquele quarto. Aliás, o chefe da segurança estava bem certo de que fora isso que acontecera. Romeo não sairia dali arrastado sem gritar ou sem lutar, e o quarto continuava impecavelmente arrumado.

- Você acha que ele fugiu? – Lorenzo perguntou baixo quando Salvatore mencionou aquela possibilidade.

- Julio não escutou nem mesmo um grito. Romeo estava ferido, mas é jovem e forte. Não há sinais de luta, signor.

- Por que ele faria isso? – Lorenzo ficou ainda mais sombrio.

- Talvez por medo. – Salvatore abriu um discreto sorrisinho – Romeo trabalha há poucos meses conosco e já esteve em dois tiroteios, já teve que dividir uma mesa com Benito Agostini, eu estou longe de ser um chefe compreensivo e todos conhecem a sua fama... O garoto se assustou e deu o fora.

- Romeo não é um covarde. – Lorenzo olhou a janela do quarto aberta – Eu já conheci muitos covardes, então reconheço facilmente o padrão. Não é o caso dele, Salvatore. Romeo não fugiria. Não assim.

Como se o destino quisesse comprovar a teoria do mafioso, o celular de Salvatore tocou. O segurança não reconheceu o número, mas atendeu mesmo assim. As sobrancelhas dele se ergueram e Salvatore colocou a chamada no viva-voz ao reconhecer aquela voz.

- Salvatore...? Está me ouvindo?

- Romeo? – o segurança fez sinal para que Lorenzo permanecesse calado – Romeo, onde você está?

- Eu não faço ideia. – o rapaz fez uma pausa e a voz dele soou meio arrastada em seguida – Tem muitos galpões aqui.

- Quem te tirou do hospital, Romeo?

- Salvatore, você pode vir me buscar? Minha barriga está sangrando.

- Romeo, quem te tirou do hospital???

- Ninguém. Eu saí do quarto por causa das abelhas.

- Abelhas???

- É. Elas estavam por toda a parte, saíam das paredes e do colchão e estavam enchendo os meus ouvidos de zumbidos. Acho que uma delas entrou na minha cabeça, eu continuo ouvindo um zumbido!

A ligação fez um barulho mecânico e logo uma voz diferente surgiu na linha.

- Alô? Você conhece este cara? Meu nome é Paolo, eu sou dono de um bar aqui no bairro industrial e peguei este sujeito, completamente enlouquecido, perambulando pela calçada. Ele está delirando, descalço e usando uma camisola de um hospital. E tem manchas de sangue na barriga dele. Eu disse que ia chamar a polícia, mas ele me implorou para fazer esta ligação.

Salvatore teve que rir com a descrição feita de Romeo. Os médicos já tinha aventado a hipótese de Campanaro ter tido mais uma crise de confusão mental por causa dos analgésicos fortes, mas Salvatore só acreditaria naquilo se visse com os próprios olhos.

- Eu estou indo buscá-lo, Paolo. Me dê o endereço.

Depois de desligar o celular, Salvatore se voltou para o patrão.

- Se for mesmo verdade, eu vou filmar e usar isso contra ele para sempre. Se for um truque ou uma emboscada, ele vai levar tantos tiros que não precisará voltar ao hospital.

- Perfeito. Aguardo notícias. – Lorenzo abriu um sorrisinho – Mande o vídeo para o meu e-mail assim que possível.
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Mensagem por Isadora Romazzini Seg Dez 21, 2015 6:36 pm

Isadora nem teve tempo de saber um pouco mais de Romeo. Enzo não a deixaria ir com seu pai até o hospital e a verdade era que ela queria distancia dele. Distancia de todos eles. Não conseguia encará-lo com uma expressão que não denotasse nojo e desgosto pelo que tinha acontecido.

Antes que qualquer um dos irmãos tentasse tocá-la de novo ou falar qualquer coisa, ela ergueu a mão e saiu de perto deles.

Seguiu até seu quarto, pegando o celular e os fones de ouvido. Sentiu-se claustrofobica naquele ambiente e logo saiu também. Precisava respirar um ar arejado e novo, por isso mesmo ela se aproximou da piscina e da jacuzzi. Ela tinha hidrofobia até então, mas no momento, ela não sabia mais nem quem ela era. Quem dirá, os medos que sentia. Colocou os pés dentro da jacuzzi, sentando-se na borda e observou o horizonte.

A Mansão Romazzini ficava num ponto mais elevado e tinha como vista, o mar calmo que recebi o sol a cada nova tarde.

Era uma visão linda, deslumbrante.

Completamente oposta à imagem de sua mente.

Fechou os olhos, ouvindo apenas a musica e se concentrando naquele dia. Naqueles dias, na verdade.

Era muito dificil lidar com a verdade. Principalmente quando se tinha a plena consciencia que sua familia fazia coisas semelhantes ou piores ao que ela tinha sofrido, com outras familias.

Deixava apenas que a musica a tomasse e voltou o olhar para o interior da Jacuzzi.
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