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Capítulo 1

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Mensagem por Aletha D. Dom Abr 10, 2016 5:11 pm

PREFÁCIO

O sol banhou o pequeno vilarejo de Andenne nas primeiras horas daquela manhã, dando início a um dia perfeito que mais se parecia com a descrição literária de uma bela poesia. Nem mesmo uma nuvem manchava a imensidão profundamente azul do céu. O vento que circulava pelas casas não era forte e parecia existir apenas para tornar mais ameno o calor daquele final de primavera. Todas as árvores estavam floridas e as flores que caíam formavam um tapete colorido e perfumado pelas ruas e calçadas. O canto dos pássaros ecoava pelo povoado silencioso, mas logo o suave ruído foi abafado por uma intensa movimentação de pessoas e carruagens que seguiam na direção da igreja, localizada na praça central de Andenne.

Qualquer noiva desejaria se casar num dia perfeito como aquele. Portanto, parecia ser um dia de sorte para a jovem Louise. Além do cenário perfeito proporcionado pela natureza, a igreja estava impecável naquela manhã. Flores do campo decoravam o altar e o corredor central entre os bancos. O tapete branco tinha sido coberto por infinitas pétalas de rosas que a noiva teria que atravessar para chegar ao futuro marido.

Os bancos estavam abarrotados de convidados quando a noiva chegou à igreja. Todos em Andenne tinham sido chamados para a cerimônia, e também alguns parentes e amigos mais próximos de outros povoados, de forma que algumas pessoas foram obrigadas a ficarem de pé na pequena capela. Tanto Louise quanto Vincent eram muito queridos e não parecia haver ninguém que não torcesse pela felicidade do jovem casal.

Quanto a Vincent Maxence, o noivo era o principal protagonista de toda a perfeição daquele dia. A elegância dos trajes combinava com os traços bonitos do rapaz, mas nada superava a beleza do sorriso apaixonado que ele dirigiu a Louise enquanto observava a noiva sendo conduzida pelo tapete de pétalas em sua direção. Muitas das moças presentes na igreja não disfarçavam a inveja que sentiam de Louise. Sem dúvida, a jovem noiva era uma das raras afortunadas que se casariam por amor.

Como praticamente todas as uniões entre os nobres, aquele era um casamento arranjado, um acordo fechado entre as duas famílias. Vincent e Louise sabiam que trocariam alianças no altar desde a mais tenra infância, mas nem por isso transformaram aquele casamento num simples contrato. A convivência permitiu que eles se conhecessem e começassem a se amar. Talvez não fosse uma paixão arrebatadora, mas eles possuíam o necessário para serem felizes juntos e aquele casamento era o primeiro passo na direção de um futuro promissor.

Diante do vigário, os dois não conseguiam seguir o protocolo e, por várias vezes, ignoravam o discurso para trocarem olhares cúmplices e sorrisos carinhosos. Como de costume, o velho padre de Andenne se alongou desnecessariamente em suas palavras e foi durante tal delonga que Vincent começou a se sentir ligeiramente indisposto.

No começo, foi apenas um leve enjoo, seguido por um calafrio e uma sensação de falta de ar. Num gesto bastante discreto, Vincent ergueu uma das mãos e afrouxou um pouco a gravata borboleta na esperança de que aquilo o ajudasse a respirar melhor.

Como todos estavam entretidos com o discurso do vigário e com toda a beleza daquela cena, ninguém pareceu notar que a testa do noivo estava salpicada com gotículas de suor frio quando ele se virou de frente para Louise para a tradicional troca de votos e de alianças.

A voz de Vincent não fraquejou em nenhum momento, mas a entonação foi menos firme que o normal. Contudo, quem o conhecia bem sabia que o filho dos Maxence sempre fora um rapaz sério e um pouco tímido. Falar diante daquela multidão certamente não era algo confortável para ele.

Durante todo o restante da cerimônia, o noivo se comportou segundo o protocolo. Os votos foram feitos e as alianças foram trocadas. O contato com os dedos de Vincent mostrou à Louise que o futuro marido estava gelado demais para o clima agradável da primavera, mas isso também poderia ser creditado à ansiedade do momento.

Ao fim da cerimônia, a união daquele jovem casal foi selada com um carinhoso beijo do marido na testa da esposa. Os lábios de Vincent estavam tão frios quanto seus dedos trêmulos, mas o sorriso amplo em seu rosto revelava uma felicidade tão grande que era difícil acreditar que havia algo errado com ele.

De braços dados, o novo casal seguiu pelo corredor central, amassando as pétalas de rosa enquanto caminhavam na direção da porta da igreja. Os convidados mais próximos acenavam e sorriam, emocionados com a bela cerimônia e com a felicidade dos jovens protagonistas daquele casamento.

Uma grande festa esperava pelo casal e por todos os convidados. Por exigência dos noivos, ninguém tinha sido excluído da comemoração, o que aumentou consideravelmente os gastos da festa. Como de praxe, a família da noiva arcou com as contas e assumiu dívidas que jamais conseguiria honrar. Mas Vincent garantiu ao sogro que, após o casamento, receberia a sua parte na herança dos Maxence e pagaria por metade dos gastos.

Mas esta foi uma das promessas que Vincent não teve a chance de cumprir. Assim como também não cumpriu a promessa de fazer Louise feliz, de lhe dar filhos e uma vida confortável.

O casamento que parecia perfeito desde as primeiras horas daquele dia terminou antes mesmo que os noivos saíssem da igreja. O casal estava exatamente no meio do extenso tapete que ligava a porta até o altar quando uma intensa vertigem obrigou Vincent a interromper abruptamente os seus passos.

Tudo ao redor do rapaz girava rapidamente quando Vincent fechou os olhos, soltou o braço da esposa e se agarrou a um dos bancos para evitar uma queda. O movimento súbito dele derrubou um dos arranjos de flores que decorava o corredor dos bancos e, juntamente com o ruído do vaso se espatifando no chão, Vincent ouviu vozes muito distantes chamando pelo nome dele.

Um gemido de dor escapou dos lábios do noivo quando seu coração começou a bater acelerado. Inconscientemente, Vincent levou uma das mãos ao lado esquerdo do peito e abriu os olhos. Só quando enxergou o teto da igreja, o noivo percebeu que estava caído no chão.

Várias cabeças entraram no campo de visão de Vincent, mas tudo o que ele enxergava era uma sucessão de borrões. A dor, que se tornava mais aguda a cada segundo, não permitia mais que o rapaz respirasse.

Tudo ao redor de Vincent Maxence era caótico. As pessoas se empurravam para alcançá-lo ou simplesmente para acompanharem o desfecho daquele espetáculo. Gritos de socorro se misturavam a um intenso burburinho dos curiosos. Mas a dor no peito conseguia anular todas as outras sensações.

Mais uma vez, Vincent fechou os olhos e tentou se concentrar na única coisa que tornaria aquele momento menos horripilante. Sua memória projetou a imagem do rosto da esposa e Vincent conseguiu sorrir para a Loiuse de sua mente. As vozes ficavam cada vez mais distantes na mesma proporção em que a dor se tornava menos insuportável.

O sorriso débil ainda ilustrava o rosto de Vincent Maxence quando seu coração acelerado finalmente chegou ao limite de sua resistência e parou de bater. O médico do vilarejo, presente no casamento, fez tudo o que era necessário para trazer o rapaz de volta, mas Vincent já tinha partido.

Por muitos meses, aquela foi a história mais comentada de Andenne, mas nem mesmo as línguas mais afiadas da região conseguiam explicar o que havia acontecido. Vincent Maxence sempre fora um rapaz saudável. Durante toda a sua breve vida, ele nunca tivera nada mais grave que alguns poucos resfriados. Não existia nenhum histórico de doenças sérias ou mortes súbitas na família Maxence. Vincent era bondoso e não tinha inimigos que pudessem desejar a sua morte. Ele era somente um rapaz jovem e saudável que havia planejado um futuro feliz e partira sem realizar seus planos.
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Mensagem por Aletha D. Dom Abr 10, 2016 10:44 pm

Era muito difícil se concentrar na leitura enquanto a carruagem sacolejava pelas estradas tortuosas do interior da Bélgica, mas ainda assim o rapaz se esforçava para acompanhar as linhas das últimas cartas que recebera de sua família. Mathias Baptiste já tinha lido e relido as duas cartas muitas vezes, e ainda assim não chegara a nenhuma conclusão. O conteúdo divergente das duas cartas indicava que um dos remetentes estava mentindo, mas Mathias não sabia em quem acreditar.

A primeira carta fora escrita por Clement há cerca de seis meses. O irmão mais velho geralmente era bem sucinto nas notícias, mas daquela vez havia preenchido mais de oito folhas. Na longa carta, Clement contava com detalhes todas as novidades sobre os negócios da família, sobre as novas propriedades adquiridas pelo condado, sobre os acordos comerciais selados com alguns nobres da região. Somente na última página, Clement mencionava que havia pegado um resfriado forte naquele inverno e que estava de cama há alguns dias.

A segunda carta, que chegara às mãos de Mathias há dois meses, trazia a caligrafia de Margot Baptiste. Ao contrário de Clement, a mãe geralmente escrevia longas cartas para o filho. Daquela vez, entretanto, o envelope continha apenas uma folha. Ao invés de escrever para Mathias contando as novidades, como a mulher geralmente fazia, a carta de Margot continha somente um pedido. A mãe praticamente implorava para que Mathias retornasse para a Bélgica o mais rápido possível porque Clement estava gravemente enfermo.

Os olhos castanhos se mantiveram focados na palavra “resfriado” por longos minutos. Pela carta de Clement, definitivamente não parecia ser uma doença séria. Havia a chance de Margot estar dramatizando a situação apenas para realizar o sonho de ter o filho mais novo de volta a Andenne. Mas, ao mesmo tempo, Mathias sabia que a mãe jamais inventaria uma mentira tão grave sobre a saúde de um dos filhos.

No fim das contas, Mathias ainda não saberia dizer o que estava acontecendo quando, pela janela da carruagem, avistou o vilarejo onde nascera. Andenne era aquele tipo de lugar que não evoluía, muito diferente do mundo que Baptiste conhecera em Paris. As construções eram sempre as mesmas, até as pessoas pareciam ter os mesmos rostos da época em que Mathias era somente um menino que brincava pelas ruas do povoado.

Contudo, apesar da falta de progresso, era preciso admitir que Andenne era um vilarejo simpático. O povoado era cercado por belas montanhas esverdeadas, que se tornavam brancas no inverno. Um rio calmo cortava a pequena cidade e a maior parte dos moradores vivia da agricultura, o que resultava em uma infinidade de campos de plantações.

A residência oficial do condado de Beaumont ficava afastada do centro comercial, visto que o conde era um dos maiores detentores de terras da região. Além do campo, a fortuna dos Baptiste vinha dos investimentos rentáveis que o conde fizera em imóveis e no comércio do vilarejo, bem como de acordos comerciais com outros nobres da Bélgica.

Embora os negócios da família fossem amplos, Mathias não conhecia detalhes sobre rendas ou investimentos. Clement sempre fora o encarregado de acompanhar o pai e de seguir os passos para ocupar o título de conde no futuro. Ao filho mais novo, restou a tarefa de estudar para ter uma profissão e construir o próprio futuro independente do condado.

A França acabou se tornando a realização de um sonho para Mathias. Embora guardasse boas recordações da Bélgica e sentisse falta da família, era a França que oferecia ao rapaz um futuro promissor. Com o diploma de Economia em mãos, Mathias já tinha um emprego garantido em uma associação de investidores que acumulavam lucros com o Novo Mundo. Seu trabalho vinha sendo tão importante para o grupo que Mathias tivera dificuldades para tirar aqueles dias de folga para visitar a família em Andenne.

Portanto, quando a carruagem parou diante da porta principal da mansão dos Baptiste, Mathias não planejava estender aquela visita por mais de uma semana. Como pensava em passar o Natal em casa, o rapaz retornara agora em setembro apenas para esclarecer as informações conflitantes das duas últimas cartas.

Enquanto subia os degraus da escadaria que levava à porta principal, Mathias ergueu a cabeça para conseguir enxergar toda a imensidão da mansão. O conde não havia economizado na construção daquela propriedade e, apesar da arquitetura parecer arcaica demais aos olhos de Mathias já acostumado às modernidades de Paris, o rapaz precisava admitir que era uma bela casa.

Como de costume, o filho dos Baptiste simplesmente empurrou a porta e entrou sem se anunciar. Era fim de tarde e os criados estavam entretidos com o preparo do jantar, então não surgiu ninguém no caminho de Mathias enquanto ele circulava pelos corredores.

Quem acabou anunciando a presença do rapaz foi o grito agudo de Oceane, que ecoou por todos os cômodos. O berro desesperado da mocinha foi o bastante para fazer Gilles Baptiste invadir a biblioteca com uma espingarda em mãos. O pai, que esperava pelo pior, ficou dividido entre a fúria e o alívio quando percebeu que sua caçula não estava em perigo.

Oceane gritara porque fora surpreendida por braços fortes que a arrancaram da poltrona e interromperam a leitura de mais um dos incontáveis romances que ela devorava diariamente. Naquele exato instante, a garota se debatia e acertava o peito de Mathias com socos para que ele a colocasse de volta no chão.

- Você me assustou!!! Idiota!!!

- Era essa a ideia. – Mathias finalmente cedeu e devolveu os pés da irmã ao piso – Eu precisava te trazer de volta a este planeta, você estava em outro mundo.

- Se querem me matar, estão no caminho certo! – Gilles manteve um semblante sério e deixou a arma de lado – Eu deveria tirar os dois do testamento depois disso!

- Não! – os olhos da garota se arregalaram – Eu preciso de um dote, papai!

- Príncipes encantados não exigem dotes. – Mathias provocou o romantismo da irmã – Mas ah, olha só... eles não existem! Então sim, você realmente precisa de um dote, Riacho.

- Papai, ele continua me chamando de Riacho!!!

- Riacho, oceano... – os olhos de Mathias giraram – Não vamos fazer drama por causa de alguns litros de água, não é?

- PAPAAAAAI!

- JÁ CHEGA! – a voz de Gilles soou como um trovão, colocando fim na briguinha imatura dos filhos – Por Deus, eu às vezes me esqueço de como a casa fica movimentada quando você está aqui, Mathias!

Mathias e Oceane riram juntos com aquele comentário do pai. De fato, a simples presença de Mathias modificava por completo a rotina da família e o clima da casa. Dos quatro filhos dos Baptiste, o rapaz sempre fora o mais agitado, o mais falante, o mais risonho. A mansão parecia mais viva quando Mathias estava por perto.

Deixando a irmãzinha de lado, o rapaz seguiu na direção do pai. Os dois homens se saudaram com um abraço apertado. O sorriso de Gilles denunciava a sua felicidade com aquela visita surpresa do filho, mas Mathias não deixou de notar como o olhar do pai refletia cansaço.

- Eu imaginei que só te veria de novo no Natal, Math.

- Era este o plano. Mas recebi uma carta da mamãe... – o semblante do rapaz se tornou mais sério – O que está havendo, pai?

Gilles não respondeu de imediato, mas a expressão dele fez com que um frio se espalhasse pelo corpo de Mathias. Os olhos castanhos do rapaz estudaram o rosto do pai com uma nítida ansiedade, mas o conde de Beaumont apenas sacudiu a cabeça em negativa e fez um discreto gesto na direção de Oceane antes de mudar o rumo daquela conversa.

- Está tudo bem. Imagino que esteja exausto da viagem. Vou pedir que os criados arrumem o seu quarto e te preparem um banho.

Mathias concordou com um movimento de cabeça e forçou um sorriso ao se voltar para a irmã. Oceane estava novamente acomodada na poltrona e tentava recuperar no livro a página onde sua leitura fora abruptamente interrompida.

- Riacho...?

Os olhos claros da garota se ergueram do livro e fuzilaram o irmão, mas Mathias não teve a menor dificuldade para desarmá-la.

- Você está mais linda a cada dia. Ainda bem que o papai tem uma arma e não tem medo de usá-la. Logo esta casa está rodeada de pretendentes e alguém precisará colocá-los para correr.

- Você é tão irritante, Math! – a garota rosnou, mas era evidente que estava se segurando para não sorrir – Mas agradeço pelo elogio.

- Não se empolgue. O filho mais lindo continua sendo eu.

Uma almofada foi arremessada na direção do rapaz. Mathias desviou do golpe com facilidade, mas Gilles não teve os mesmos reflexos apurados. Oceane soltou uma exclamação horrorizada quando a almofada acertou o rosto do pai em cheio e saltou da poltrona com as mãos tapando a boca enquanto o irmão se dobrava de tanto rir.

- Papai!!! Perdoe-me!  - as risadas do irmão a deixavam ainda mais nervosa – EU VOU MATAR VOCÊ, MATH!

Antes que aquela briguinha se alongasse até o fim do dia, Gilles puxou o filho pelo braço e o arrancou da biblioteca. Mathias seguiu os passos do pai, ainda mergulhado em uma crise de riso incontrolável e contagiante, mas que cessou de forma abrupta quando seus olhos captaram uma imagem na sala.

Inicialmente, Mathias pensou que fosse outra pessoa, qualquer outra pessoa que ele até então desconhecia. Math realmente não se lembrava de já ter visto aquele rosto antes. O rapaz era magro demais. Os ossos de seus ombros e cotovelos ficavam salientes através das roupas e o rosto encovado tinha um aspecto doentio. Os cabelos claros eram ralos, não havia brilho nos olhos azuis. Mathias olhou para o pai, esperando que Gilles lhe apresentasse ao estranho. Por isso foi grande a sua surpresa quando a familiar voz de Clement ecoou através dos lábios do “desconhecido”.

- Ouvi gritos, ameaças de morte e risadas. É claro que não poderia ser outra pessoa...

Por longos segundos, Mathias ficou petrificado no meio da sala, encarando aquele estranho que tinha a voz idêntica a de Clement. O recém chegado precisou de tempo para reconhecer os traços bonitos do irmão mais velho agora transformados naquela imagem doentia e cadavérica. Era como estar num pesadelo, mas tudo ao redor era real demais.

- Meu Deus. Eu consegui tirar o sorriso do seu rosto, Math. Devo estar péssimo mesmo.

- O que aconteceu? – Mathias finalmente reagiu e caminhou com passos firmes até segurar o irmão pelos ombros – Você disse que era um resfriado!!! O que aconteceu???

Clement respirou profundamente e sacudiu a cabeça em negativa. Os olhos de Gilles se encheram de lágrimas enquanto o filho mais velho explicava.

- Eu não queria te deixar preocupado. Pensei que íamos dar um jeito, que ia melhorar com o tempo. – Clement abriu um sorriso amargo e deu de ombros – Eu me enganei.

- Você virá comigo para Paris. Ou então para a Inglaterra, para a Alemanha! Em algum lugar deve existir algum médico que saiba te curar, Clement!

No fundo, Mathias sabia que suas palavras não faziam sentido. Mas era terrível demais pensar que seu irmão era vítima de um mal incurável. Não havia outra explicação para a imagem que Math agora tinha diante de seus olhos. Clement sempre fora um rapaz forte, saudável e bem disposto. E agora tinha o físico de um garotinho magricela e a expressão exausta e dolorida de um ancião.

- Eu vou ficar aqui, Math.

Clement já havia ultrapassado todos os estágios do luto até alcançar a aceitação. Era triste pensar em partir tão cedo e deixar para trás todos os seus planos. Mas, se não havia nada a ser feito, que ao menos aqueles últimos dias fossem vividos de forma tranquila.

- E adoraria ter a sua companhia. – o sorriso de Clement se alargou – Sinto falta do caos que se espalha nesta casa quando você está por perto. Há meses eu não escuto a mamãe dar um grito, sabia?

- Clement... – a voz de Mathias soou engasgada.

- Não ouse chorar. Você sabe muito bem que cada lágrima derramada por um homem...

- “reduz em um centímetro o tamanho do seu poderoso”. – os dois irmãos riram enquanto repetiam juntos a frase inventada por Mathias há alguns anos.

- Meu. Deus.

A exclamação de Gilles fez com que os dois rapazes gargalhassem ainda mais.

- Relaxa, Clement. Eu posso chorar por três dias inteiros e ainda ficarei bem acima da média.

- Que tal elevarmos um pouco o nível desta conversa? – o conde de Beaumont bufou – Vou chamar a sua mãe. Ela ficará muito feliz em ver você, Math.

- Ela ficará ainda mais feliz em saber que eu vim para ficar, pai.

O plano inicial era fazer uma visita de poucos dias, mas o pedido de Clement mudara tudo. Mathias não podia salvar a vida do irmão mais velho, mas jamais se perdoaria se não atendesse a aquele último desejo. Estar presente e dar alegria a Clement naqueles últimos dias de vida era o mínimo que Mathias podia fazer pelo irmão. A felicidade do primogênito era mais importante que a carreira que aguardava por Math em Paris.
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Mensagem por Stephen L. Qua Abr 13, 2016 8:36 pm

Desde a mais tenra idade, o cemitério de Andenne sempre fora seu refúgio. Podia parecer algo mórbido à principio. Como alguém poderia se refugiar num cemitério? Louise também não saberia explicar à princípio. Toda vez que tentava, sua garganta fechava e ela se deixava levar pelas lembranças das pessoas que ali descansavam.

Talvez ela pudesse justificar dizendo que o cemitério não tinha as características góticas e dramáticas de um. Era uma espécie de jardim extremamente florido – principalmente na primavera – com árvores frondosas e frutos aparentemente suculentos. Poderia justificar descrevendo com perfeição e belíssima vista que existia dali. Poderia criar mil e uma qualidades envolvendo o silêncio e a tranquilidade daquele lugar. Mas tudo seria uma grande mentira. E Louise detestava mentir.

A verdade nua e crua era que desde que havia retornado à Andenne há seis meses, Louise se sentia completamente sozinha.

Foram 5 longos anos fora da região, recolhida numa casa de campo de sua família. O escandâlo de seu casamento e o comportamento avarento e indelicado da família de Vincent tinham abalado de modo irremediável a reputação de sua família. Ninguém parou para pensar na dor que ela sentiu quando Vincent morrera em seus braços, tampouco ponderaram que ele não fora o único a morrer naquele dia. Os sonhos e todo o futuro dela também tinham ido. Parte dela também morrera.

Mas o que importava, no fim das contas, era a questão da sucessão, herança, dinheiro perdido. Bens resguardados.

Foi o verdadeiro inferno na Terra. E ainda não tinha passado.

De todo modo, ela havia retornado. A vida tinha se mostrado um tanto ingrata com uma pessoa que só tinha tentado fazer o bem. As fofocas tinham ressurgido com o retorno dela, mas uma vez que Louise não voltou com titulos ou posses e sim como uma mera serviçal, ela logo foi esquecida pelas colunas sociais. Nem ao menos em festas ela ia. Não que ela tivesse vontade ou disposição de participar de tais eventos também.

Afinal, uma pessoa que encontra refúgio em cemitérios, dificilmente apreciaria eventos sociais.
Pelo menos duas vezes por semana, ela seguia o caminho até o cemitério logo nas primeiras horas da manhã. Visitava os três tumulos mais importantes para ela, trocando as flores e "conversando", orando para que eles estivessem bem e em bom lugar. Eles mereciam isso.
Contudo, aquele dia tinha um gosto um pouco mais amargo.

Era o aniversário de Vincent e Louise se emocionava com a data de nascimento e de morte dele.

- Nunca deixarei de pensar que você partiu cedo demais, Vince. Nunca deixarei de lamentar por não ter te dito mais vezes o quanto eu te amo. Você sabe agora, eu tenho certeza, mas se você tivesse escutado antes, o seu coração teria sido mais forte?

Ajoelhou-se diante da lápide dele, acariciando a foto.

- Você teria ficado menos inseguro e preocupado com o futuro? - As lágrimas escorriam tristemente pelo rosto dela. - Eu te amo desde o dia que passei a entender o que era amar. E foi com você.

Fungou, passando a mão pelo rosto. Os olhos estavam mais avermelhados e inchados por conta daquilo.

- Quando eu fiz meus votos diante do altar, eu não parei para pensar no final. "Até que a morte nos separe", de fato, não existe. Só nos separou fisicamente, meus pensamentos ainda são seu. Assim como o meu coração.

Deu um beijo na Camélia que havia levado para ele e deixou num cantinho discreto. Imaginava que os familiares dele logo estariam ali para visitá-lo. Pelo menos os pais, que o adoravam mais do que tudo, como o filho perfeito e exemplar. Sabia que seu tempo ali era curto e não queria ter o desprazer de olhar para aquelas pessoas de novo.

Quanto aos túmulos de seus pais, ela não teve condições de cuidar no momento. Precisava se recompor e começar mais um dia de trabalho, na Mansão do Conde de Beaumont.

--

O trabalho de acompanhante fora oferecido por uma amiga de longa data de sua mãe. Margot Baptiste, a Condessa de Beaumont surgiu com a proposta para a filha de sua melhor amiga, num momento que parecia dificil para as duas.

Clement estava morrendo.

Por mais que ela quisesse ser otimista e acreditar que havia algum modo de salvar seu filho, os médicos especialistas já tinham desenganado a familia. O conselho mais precioso, no entanto, veio de um mais experiente. Eles precisavam transformar aqueles dias tristes e melancólicos e algo sadio e confortável. Não podiam lamentar por menos um dia e sim aproveitar mais um dia.

Louise era uma jovem triste, mas também extremamente empática desde pequena. E Margot apostou que culta como era, a jovem poderia auxiliar seu filho Clement num dia a dia mais leve. O que também a ajudaria, no fim das contas. Afinal, ela receberia um salário por isso, uma casa, estaria sob a proteção deles. Desde que fosse fiel, leal e profissional, é claro.

Por mais que o último comentário tivesse soado um pouco ofensivo, visto que Louise jamais se aproveitaria de uma situação como essa, a jovem aceitou a oferta. A ideia logo se mostrou bastante positiva.

Clement e Louise tinham virado amigos e passavam muitas horas juntos. Não havia um sentimento afetivo acima disso. Os dois conheciam o fim daquela história e, sinceramente, não desejavam sofrer. Mas se respeitavam acima de qualquer coisa e criaram um vínculo muito forte de amizade e companheirismo. Os dias se tornaram mais fáceis para o rapaz e, para ela, houve uma esperança nas pessoas, de modo geral.

Logo o relacionamento fraternal deles cativou outros membros da família, como Oceane. As duas se entendiam bem e junto de Clement, gastavam boa parte do dia juntos.

Não era raro que um deles soltasse um comentário envolvendo "Mathias".

"Se Mathias estivesse aqui...".

"Mathias adoraria isso...".

O nome dele sempre era dito de modo bastante amoroso pelos irmãos e um tanto nostálgico. Louise não o conhecia, mas gostava dele pela imagem que os irmãos criavam. Uma pessoa assim deveria ser especial, não é mesmo? E cedo ou tarde ela o conheceria, mesmo que seu emprego fosse temporário.

Só não imaginava que fosse ser justamente num dos dias mais tristes para ela.

Depois que retornou da visita ao tumulo de Vincent, Louise se arrumou para o trabalho. Participou do café, de uma rápida conversa e deixou Clement confortável em sua sala de leitura. O proprio rapaz a dispensara e ela se juntou à Condessa.

Margot estava meio agitada e tinha decidido fazer uma reforma num dos cômodos. Enquanto falava todas as mudanças que gostaria de fazer, Louise anotava. Geralmente ela gostava da companhia de sua patroa e conversava mais, mas naquela manhã, ela parecia mais distraída e um tanto introspectiva.

- E também gostaria de uma estampa animal para o sofá. Ficaria bom não é, Louise?

- Sim...Acho que combina.

- Com a cortina verde de veludo, não é?

- Uhum...

Margot não se aguentou e deu uma risada suave. Aproximou-se de Louise e tocou nos pulsos dela, trazendo-a para a realidade.

- É mesmo, Louise?

- O que? Oh, senhora...me perdoe. Eu não...

- Não estava aqui pelos últimos dez minutos.

As duas se encararam fixamente e havia uma certa compreensão nos olhos da patroa. Louise deu um suspiro, fechando os olhos.

- Eu sinto muito...

- Não tem importancia. Eu já resolvi o que quero para o cômodo e...

Os gritos de Oceane despertaram a todos e as duas mulheres logo começaram a correr. Margot seguia na frente, como toda a mãe super protetora e deu um grito quando finalmente encontrou o restante da família. Foi justamente na hora que Mathias dava a certeza que ficaria.

- PRA FICAR??? MATHIAS!!!!!

Margot correu até seu filho, praticamente pulando em seu pescoço. Ela era uma mulher extremamente refinada e elegante, mas perdia a compostura em explosões de alegria ou choro, caso seus filhos estivessem envolvidos.

- VOCÊ VOLTOU!!! MEU FILHO!!!!!!

- Sim, mãe...Nós...já sabemos. - Clement disse de modo divertido, mas fechou um dos olhos por conta do escandalo.

- MARY, PREPARE UM ALMOÇO DIGNO DE UM REI!!! GINA, ARRUME O QUARTO DE MATHIAS!!

Clement fechou os dois olhos e o Conde deu um longo suspiro, mas se divertindo bastante com tudo aquilo.

Louise chegou alguns segundos depois, mas se manteve discreta como uma das mobilias. Ela deu um meio sorriso por conta das expansões de sua patroa, mas não se manifestou à principio. Usava um vestido lilás e cinza, cores do luto, mas que também funcionavam bem como uniforme para sua função. A gola era alta, sem decotes e com um camafeu enfeitando no meio do pescoço. A saia não era rodada e ela não usava joias ou maquiagem. Com exceção de um fino anel na mão de casada. Não era uma aliança de casamento, mas parecia, à primeira vista.

O cabelo estava preso num coque simples. Os olhos castanhos – mas não completamente escuros – estavam abaixados, de modo serviçal. Até que em determinado momento, ergueu, observando a família por um instante.

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Mensagem por Aletha D. Qui Abr 14, 2016 4:56 pm

Em um vilarejo tão pequeno quanto Andenne, já era de se esperar que todos os moradores se conhecessem. Mesmo Mathias Baptiste, que vivera fora do país nos últimos dez anos, tinha a impressão de que os mesmos rostos circulavam pelas ruas do povoado. Por não ter muita vocação histórica para o comércio, Andenne recebia poucos forasteiros. A maioria maciça de sua população era formada pelas mesmas famílias de nobres e camponeses.

Portanto, Mathias conhecia os protagonistas da triste história que culminou com a morte de Vincent Maxence no dia do seu casamento.

Dada a amizade entre Margot Baptiste e a mãe de Louise, Mathias se lembrava de ter convivido um pouco com a jovem durante a infância de ambos. Mas eram lembranças distantes de momentos vagos, quase sempre uma breve brincadeira enquanto esperavam que as mães terminassem de tomar chá. Mathias sempre fora agitado e aventureiro, de forma que era raro que uma menina se arriscasse a acompanhá-lo em suas brincadeiras. Na maioria das vezes, ele e Clement ficavam na área externa das casas enquanto Amber e Louise brincavam de boneca na varanda.

Quanto a Vincent, as memórias de Mathias eram um pouco menos nebulosas. A convivência com o herdeiro dos Maxence não fora grande o bastante para que Mathias pudesse chamá-lo de amigo, mas Baptiste também não tinha nenhuma lembrança negativa sobre o falecido. Provavelmente os dois nunca aprofundaram mais os laços de amizade por causa de suas personalidades opostas. Vincent sempre fora um rapaz sério, centrado e ligeiramente tímido. Maxence era o tipo de pessoa que não costumava se sentir muito à vontade perto do comportamento expansivo de Mathias.

Apesar das diferenças tão gritantes em suas personalidades, os dois rapazes tinham se entendido bem nas poucas vezes em que conviveram. Mathias se lembrava de ter tido intermináveis aulas de inglês com o herdeiro dos Maxence, e também de algumas cavalgadas e caçadas que os dois participaram junto com seus pais na adolescência.

Embora fossem lembranças distantes e Vincent nunca tivesse sido um grande amigo, Mathias lamentou sinceramente a notícia da trágica morte do rapaz. Era terrível pensar na forma abrupta como aquela vida fora ceifada e na ironia maldosa do destino que resolvera agir justamente num dia que deveria ser tão feliz.

Por mais que não se lembrasse muito bem da filha dos Bloemen, Mathias também conseguia imaginar a dor sofrida por Louise. Aquele era um tipo de trauma que dificilmente poderia ser superado. E a família de Vincent só agravara a dor da jovem quando exigiu a anulação do casamento e a retirada do nome de Louise do testamento dos Maxence.

Como já morava na França na época de todo o ocorrido, Mathias acompanhou os acontecimentos somente através das cartas enviadas pela família. Na época, o rapaz se compadeceu daquela dor, mas logo a rotina corrida de Paris fez com que a história triste caísse no esquecimento.

A piora importante no quadro de saúde de Clement nos últimos meses fora o bastante para que Margot se esquecesse de mencionar o retorno de Louise nas cartas que enviava ao filho mais novo. Portanto, Mathias não esperava ouvir aquele nome quando a mãe fez um sinal para que a moça se aproximasse.

- Querida, venha aqui. Imagino que se lembre da Louise, Math... Louise Bloemen.

Os olhos castanhos de Mathias não conseguiram disfarçar a surpresa quando se focaram na imagem de Louise. Definitivamente, ela não se parecia mais com a garotinha presente nas suas vagas lembranças da infância. A filha dos Bloemen havia se transformado em uma bela mulher, mas a tristeza refletida no olhar dela camuflava um pouco de toda aquela beleza. A razão de tanto sofrimento era óbvia e, apesar do jeito expansivo, Mathias teve a delicadeza de não mencionar o passado infeliz da moça.

- Senhorita Bloemen... – quando Louise se colocou diante dele, Mathias inclinou-se respeitosamente e depositou um beijo superficial na mão da moça – É uma satisfação revê-la. Se eu soubesse que meus pais estavam com hóspedes teria trazido uma caixa a mais dos bombons de Paris.

- BOMBONS!? – Oceane gritou da biblioteca e em menos de dois segundos já estava na sala – AQUELES BOMBONS MARAVILHOSOS?

- Sim, trouxe uma caixa para a mamãe, outra para Amber e uma menor para a Alicia.

- MAS E EU??? – os olhos claros de Oceane quase saltavam para fora do rosto.

- Eu trouxe charutos para o papai e duas garrafas de vinho, uma para o Jasper e outra que pretendo dar para o Clement na esperança que ele me deixe tomar a metade. Para você, eu trouxe um livro. Um daqueles romances melosos que só acontecem na sua cabeça avoada, Riacho.

- Eu não vou ganhar bombons...? – Oceane murmurou, já fazendo um biquinho.

- Achei que gostasse de livros.

- Eu gosto. Mas também gosto dos bombons franceses.

- Talvez a mamãe te deixe pegar um da caixa dela, então. É a sua única chance, já que a Amber não costuma ser tão caridosa com doces.

- Ainda mais grávida! – Clement comentou com bom humor – No último almoço em família ela puxou para o colo a travessa de pudim e deixou todos nós sem sobremesa!

Mathias pretendia alongar por mais algum tempo aquela brincadeira maldosa, mas o semblante tristonho de Oceane desmontou o irmão. Os olhos castanhos giraram e ele bufou antes de apontar o malão que deixara no saguão de entrada da casa.

- Vá pegar os seus bombons, gulosa! A sua caixa é a maior. E o livro está embrulhado num papel azul.

Um lindo sorriso estampou o rosto de Oceane e ela se jogou nos braços de Mathias, dando-lhe um breve abraço apertado antes de sair em disparada na direção das malas. Só então, Margot corrigiu a pequena gafe do filho mais novo.

- Querido, a Louise não é uma hóspede. – era notável que a condessa escolhia as melhores palavras para não precisar chamar a moça de criada – Eu pedi a ela para ficar conosco. Ela tem me ajudado na organização da casa e tem feito companhia ao Clement.

Mais uma vez, a surpresa se fez presente no semblante de Mathias. Seus olhos observaram a moça com mais atenção, só agora notando que as roupas de Louise eram simples demais para os padrões da nobreza, assim como seu penteado e a ausência de joias e de maquiagem. Qualquer um diria que aquela jovem era uma espécie de governanta no condado dos Beaumont.

Definitivamente, aquele era um destino bem diferente para alguém que crescera pensando que se tornaria uma Maxence no futuro.

- Ah, sim. – a voz grave de Mathias soou natural e não demonstrou constrangimento com aquela confusão. Não era nada fácil deixá-lo envergonhado – De qualquer forma, é muito bom revê-la, Srta. Bloemen. Riacho, você vai perder todos os seus vestidos se continuar comendo assim!

Oceane retornava à sala já com a enorme caixa de bombons aberta e com pelo menos quatro buracos nos locais onde estavam os doces que ela já atacara. Depois de lançar um olhar estreitado para o comentário do irmão, a garota se aproximou de Louise e estendeu a caixa na direção da moça.

- Prove um, Louise. É como colocar um pedacinho do céu na boca!
Aletha D.
Aletha D.

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